Allan Kardec, com a legítima intenção de conhecer como
estava a difusão das ideias espíritas no mundo no final de 1868, fez uma
estimativa superficial sobre a quantidade e o perfil das pessoas que aceitavam
os princípios doutrinários. Por não possuir dados censitários, o levantamento
foi baseado em cerca de 10 mil observações obtidas da lista de assinantes da
Revista Espírita (RE) e das correspondências recebidas de vários países.
Estimativa de adesão
Publicado na edição de janeiro de 1869 da RE, o artigo
“Estatística do espiritismo” apontou que a França reunia a maior quantidade de
adeptos, com cerca de 600 mil pessoas, representando 1,6% da população
francesa, taxa bastante expressiva, considerando-se que o surgimento do
espiritismo havia ocorrido há pouco mais de uma década. Eram os espíritas
confessos e os que aceitavam os princípios do espiritismo ainda que
parcialmente.
O restante da Europa reunia mais 400 mil adeptos, com maior
participação na Itália, Espanha, Rússia, Alemanha, Bélgica, Inglaterra, Suécia,
Dinamarca, Grécia e Suíça. Em todo o planeta, considerando os simpatizantes,
Kardec estimou haver de 6 a 7 milhões de adeptos: 70% homens entre 20 e 30
anos; 60% tinham um perfil socioeconômico considerado médio e 50% possuíam um
nível educacional classificado por Kardec como ‘instrução cuidada’ e instrução
superior. Tenentes, médicos homeopatas e engenheiros eram as profissões mais
frequentes.
Uma característica importante que se deve destacar nessa
estimativa é a própria classificação geral de adepto, uma vez que o termo foi
aplicado a qualquer simpatizante que conhecesse os fundamentos do espiritismo,
ainda que professasse diferentes vínculos religiosos: 50% eram de católicos
romanos não ligados aos respectivos dogmas (livres-pensadores), 10% de
católicos romanos ligados aos dogmas. Os demais eram de católicos gregos (15%),
judeus (10%), protestantes liberais (10%), protestantes ortodoxos (3%) e
muçulmanos (2%).
Nota-se que na Europa houve uma maior disseminação das
ideias espíritas entre os livres-pensadores de países com forte presença
católica (França, Itália e Espanha), apesar de também registrarem-se
participações nos países anglo-saxônicos e germânicos.
Leia mais em: https://correio.news/reflexoes/espiritas-no-censo-de-2022
0 comentários:
Postar um comentário