Iniciamos agora a publicação de artigos com enfoque da Doutrina Espírita da produção de Sérgio Biagi Gregório, presidente do Centro Espírita Ismael, e que é um profundo estudioso dos temas. O autor tem mais de 200 textos - ver também o site http://www.ceismael.com.br --, produzidos ao longo de vários anos, que iremos apresentá-los. São assuntos de grande importância para que possamos rever os nossos conceitos e aprendizado. Ao mesmo tempo que serão úteis aos alunos nos Cursos de Educação Mediúnica. Lembramos que esses textos são referências em reportagens e palestras. Em breve poderemos também apresentar artigos de outros companheiros de nossa Casa. Inclusive, agradecemos as colaborações e sugestões.
A ALMA E A IMORTALIDADE
por Sérgio Biagi Gregório
Tudo acaba com a morte ou existe algo que sobrevive à decomposição do corpo físico? Se existe, para onde vai? Qual o seu destino? Para responder a essas questões, dividimos este estudo em três tópicos, que são: a alma, a morte e a vida futura.
Alma - Imortalidade
Não se sabe exatamente quando entrou no espírito do homem a idéia de sobrevivência depois da morte. No período paleolítico (2.500.000 a.C a 12.000 a.C.) não há prova de sua existência. Somente a partir do período neolítico (12.000 a.C. a 4.000 a.C.) é que se encontram vestígios, principalmente pelos ornamentos, armas e alimentos deixados perto dos mortos.
No antigo Egito, a convicção da existência de uma vida futura era categórica, principalmente para os que eram embalsamados. Na índia, desenvolveu-se a doutrina da metempsicose, a possibilidade da alma voltar num corpo de animal. O Budismo ofereceu socorro com sua esperança no Nirvana. Na Pérsia, o mazdeísmo proclamou, desde 3.º século a.C., a doutrina da ressurreição. A concepção da ressurreição apresenta-se pela primeira vez, na literatura judaica, no livro de Daniel, escrito cerca de 165 a.C.
Os argumentos de Sócrates e de Platão, tão difundidos no âmbito da filosofia, não foram os primeiros; apenas mostraram a tendência crítica de dar base racional a uma idéia admitida por muitos.
Grande parte do êxito do cristianismo foi sem dúvida a crença na vida futura, que oferecia salvação a todos os homens, independentemente de cor, sexo ou posição social.
Na época do Renascimento e do desenvolvimento das ciências naturais, começaram a exprimir-se dúvida quanto à idéia da imortalidade da alma.
Hoje convivemos com essas duas crenças: de um lado o materialismo que nega a existência da alma após a morte e do outro o espiritualismo que a corrobora. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)
Allan Kardec analisa o termo sob três aspectos:
"Segundo uns, a alma é o princípio da vida orgânica material; não tem existência própria e se extingue com a vida: é o puro materialismo. Neste sentido, e por comparação, dizem de um instrumento quebrado, que não produz mais som, que ele não tem alma. De acordo com esta opinião, a alma seria um efeito e não uma causa". (Kardec, 1995, p. 16)
"Outros pensam que a alma é o princípio da inteligência, agente universal de que cada ser absorve uma porção. Segundo estes, não haveria em todo o Universo senão uma única alma, distribuindo fagulhas para os diversos seres inteligentes durante a vida; após a morte, cada fagulha volta à fonte comum, confundindo-se no todo, como os córregos e os rios retornam ao mar de onde saíram". (Kardec, 1995, p. 16)
"Segundo outros, enfim, a alma é um ser moral, distinto, independente da matéria e que conserva a sua individualidade após a morte. Esta concepção é incontestavelmente a mais comum, porque sob um nome ou outro a idéia desse ser que sobrevive ao corpo se encontra em estado de crença instintiva, e independente de qualquer ensinamento, entre todos os povos, qualquer que seja os eu grau de civilização. Essa doutrina, para qual a alma é causa e não efeito, é dos espiritualistas". (Kardec, 1995, p. 16)
Haveria necessidade de três palavras diferentes para expressar cada uma das idéias.
Assim, Allan Kardec acha que o mais lógico é tomá-la na sua significação mais vulgar, e por isso chamamos alma ao ser imaterial e individual que existe em nós e sobrevive ao corpo.
5.1. EXPERIÊNCIA UNIVERSAL
A morte é uma experiência universal. Todo o ser humano nasce, cresce, luta, sonha, traça planos, constrói para o futuro para, finalmente, ceder à morte. Para muitos é uma hora de tristeza, de melancolia; para outros, é como um alívio pelo cumprimento dos pesados deveres de sua existência. As diversas culturas e religiões dão suas contribuições para a compreensão do tema. O Dr. Frank Mahoney, professor de Antropologia da Universidade do Havaí, por exemplo, mostrou a diferença entre a cultura americana e a da sociedade Micronésia, a dos Trukeses. Enquanto os americanos negam a morte e o envelhecimento; os habitantes das ilhas Truk (Pacífico) ratificam-na. Em termos religiosos, o Hinduismo afirma que a alma ou essência espiritual (atman) do indivíduo é eterna: o Budismo, que a vida depois da morte é um problema sobre o qual nada pode ser dito; o Catolicismo, que a vida depois da morte está inserida na crença de um Céu, de um Inferno e de um Purgatório.
5.2. QUESTÕES PARA REFLEXÃO
Quem deixa quem: é o Espírito que deixa o corpo ou o corpo que deixa o Espírito? É doloroso o instante da morte? A morte do homem justo difere da do injusto? Deve-se cremar o cadáver ou enterrá-lo naturalmente? O que leva uma pessoa temer a morte? Por que o Espírita não deve temer a morte?
Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno, trata exaustivamente do problema da morte. Diz-nos que o temor da morte decorre da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total. Segundo o seu ponto de vista, o espírita não teme a morte, porque a vida deixa de ser uma hipótese para ser realidade. Ou seja, continuamos individualizados e sujeitos ao progresso, mesmo na ausência da vestimenta física.
Baseando-nos nas concepções de alma dada por Allan Kardec, podemos esperar as seguintes perspectivas para a vida futura:
O Niilismo - do lat. nihil, nada, fruto da doutrina materialista - significa ausência de toda a crença. Como a matéria é a única fonte do ser, a morte é considerada o fim de tudo. Os adeptos do materialismo incentivam o gozo dos bens materiais, dizendo que quanto mais usufruirmos deles, mais felizes seremos. Como se vê, a conseqüência do niilismo é a corrida em busca do dinheiro, da projeção social e do bem-estar material.
O Panteísmo – do grego pan, o todo, e Theos, Deus – significa absorção no todo. De acordo com essa doutrina, o Espírito, ao encarnar, é extraído do todo universal; individualiza-se em cada ser durante a vida e volta, por efeito da morte, à massa comum. As conseqüências morais dessa doutrina são semelhantes às do materialismo, pois ir para o todo, sem individualidade e sem consciência de si, é como não existir.
6.3. CÉU E INFERNO
O Dogmatismo Religioso afirma que a alma, independente da matéria, é criada por ocasião do nascimento do ser; sobrevive e conserva a individualidade após a morte. A sua sorte já está determinada: os que morreram em "pecado" irão para o fogo eterno; os justos, para o céu, gozar as delícias do paraíso. Essa visão deixa sem respostas uma série de anomalias que acompanham a humanidade, como, por exemplo, os aleijões e a idiotia.
6.4. PROGRESSO ININTERRUPTO DO ESPÍRITO
Para o Espiritismo, a vida espiritual é a vida normal; a vida corpórea é uma fase temporária em que o Espírito se reveste de um envoltório material e de que se despe por ocasião da morte. O Espiritismo mostra-nos que o Espírito, independente da matéria, foi criado simples e ignorante. Todos partiram do mesmo ponto, sujeitos à lei do progresso. Aqueles que praticam o bem evoluem mais rapidamente e fazem parte da legião dos "anjos", dos "arcanjos" e dos "querubins". Os que praticam o mal recebem novas oportunidades de melhoria, através das inúmeras encarnações. Importa salientar que uma vez no mundo dos Espíritos, eles continuam com sua individualidade, sujeita a um ininterrupto progresso.
7. CONCLUSÃO
A imortalidade da alma é um fato concreto. Cabe-nos, assim, com o auxílio das explicações racionais e convincentes do Espiritismo, pautar a nossa vida segundo os ensinamentos morais deixados por Jesus.
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.
KARDEC, A. Obras Póstumas. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975.
GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia
- Sob a forma negativa (prefixo negativo – i), o termo exprime a noção essencialmente positiva, de vida-sem-fim, daquilo que não é submetido à morte. Excetuando-se o seu uso metafórico, a imortalidade é antes de tudo uma hipótese metafísica – de origem religiosa –, que concerne à alma, sustentada pelo conjunto da filosofia espiritualista desde a antiguidade. – Do latim anima, semelhante à palavra grega anemos (vento) significa ser imaterial e individual que em nós reside e sobrevive ao corpo. Para o Espiritismo, a alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo o seu envoltório.
(24/03/2012)
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