Amalia Domingo Soler

 


Amália Domingo Soler (1835-1909) foi uma escritora, costureira e grande expoente do movimento espírita espanhol. 

Para saber mais sobre a biografia da médium espanhola, leia o texto extraído do livro "Reencarnação e Vida", de sua autoria. 

Breve nota biográfica

Amália Domingo Soler nasceu em Sevilha, aos 10 de dezembro de 1835.

Com oito dias de idade, e durante três meses, ficou cega, tendo sido curada por um farmacêutico.

Quando tinha 10 anos de idade começou a escrever poesias.

Aos 18 anos, publicou seus primeiros versos.

Contava 25 anos quando faleceu sua genitora, deixando-a só no mundo. Educada e tratada como uma princesa, daí para frente abriu-se-lhe uma estrada de sofrimentos. Quando escassearam suas posses, os parentes, que a alimentaram provisoriamente, sugeriram seu ingresso num convento, o que repeliu de pronto. Depois, tentaram convencê-la a casar-se com um velho abastado, solução que também não aceitou.

Preferiu ganhar a própria vida, costurando e escrevendo, e como em Madrid teria melhor paga, mudou-se para lá.

Mas, trabalhando dia e noite, seus olhos não suportaram a tarefa, e em pouco tempo, viu-se quase cega. Impedida de ganhar o seu sustento, ia procurar, nas casas das senhoras que lhe davam serviço, o que comer. Desesperada, vagou pelos templos católicos e protestantes procurando uma mensagem que a consolasse. Sua situação piorava dia a dia. Chegou a ir buscar sua sopa em uma instituição que atendia os mendigos.

O médico que cuidava de seus olhos — um materialista — certo dia falou-lhe de uns "loucos", os espiritistas, que procuram explicar todas as dores, e prometeu-lhe trazer um jornal que recebia "El Critério". Na simples leitura do jornal, Amália identificou-se com os ensinamentos espíritas.

Passou a procurar uma família de espíritas que tivesse as obras de Kardec e, apesar de sua semi-cegueira, leu-as afanosamente ganhando uma convicção absoluta.

Certa manhã, sentiu uma sensação estranha e dolorosa na cabeça, como se estivesse cheia de neve. Daí a instantes, ouviu uma voz que lhe dizia: Luz!. . . Luz!. . . e recobrou, quase que inteiramente, a visão.

Principiou, então, a escrever. Mandou uma poesia para a redação do "El Critério" que foi publicada. Mandou outra para o jornal "La Revelación" que, além de publicá-la, ofereceu-lhe suas colunas para que escrevesse a respeito do Espiritismo.

Seu primeiro artigo sobre matéria doutrinária, foi publicado pelo "El Critério", em seu número 9 e na primeira página, em 1872 — há cem anos, portanto — e se intitulava "A Fé Espírita".

Começou a frequentar a Sociedade Espiritista Espanhola, onde se fez querida e apreciada. A 4 de abril de 1874, quando a sociedade comemorava o aniversário de Allan Kardec, Amália foi convidada a declamar uma poesia, que ela própria escrevera, intitulada "A Ia memória de Allan Kardec". Tanto foi seu sucesso que, daí para diante, participou de muitos trabalhos da Sociedade.

Trabalhava de dia e escrevia à noite. Muitos jornais espíritas passaram a reclamar sua colaboração.

Foi Fernandes Colavida quem lhe presenteou com a coleção completa das obras de Kardec, em cujos ensinos, desde os primeiros dias, orientou seus trabalhos.

Convidada a ir para Alicante, os membros da sociedade espiritista, quiseram tomá-la sob sua proteção para que dedicasse todo o seu tempo ao Espiritismo. Amália abominou a ideia de viver às custas da Doutrina. Queria ganhar o próprio sustento apesar da cegueira que a ameaçava, pois, costurando consumia seus olhos no trabalho.

De Alicante foi para Múrcia onde os espíritas a receberam de braços abertos. Permaneceu ali 4 meses convalescendo de uma enfermidade. Como em Múrcia havia pouco trabalho para ela, em fevereiro de 1876 voltou para Madrid.

A 20 de junho de 1876, convidada pelo Circulo "La Buena Nueva", foi para Barcelona. Quis iniciar seu trabalho de costureira, mas o Presidente do Círculo, Luís Llach profetizou-lhe que em 3 meses ficaria cega; se escrevesse, no entanto, para o Espiritismo teria a visão pelo resto dos seus dias. Amália não se submeteu e, ao cabo de 3 meses, quase não podia ver.

A 10 de agosto de 1876, mudou-se para a casa de Luís. Convencida da sua desvalia dedicou-se a escrever para os jornais espíritas. Luís a estimulava continuamente e foi esse homem generoso que se erigiu em seu protetor, quem a impulsionou no trabalho doutrinário.

Frequentava o Círculo, nessa época Miguel Vives e, através da sua mediunidade, Amália recebeu extensa e terna comunicação do Espírito de sua mãe, cujas palavras levantaram decididamente seu ânimo.

Em breve, revelou-se no Círculo um médium sonâmbulo notável, Eudaldo, que se tornou companheiro dedicado de Amália e recebeu grande número das mensagens contidas neste volume.

Em fins de agosto de 1877, Luís Llach pediu-lhe que contestasse um artigo publicado pelo "Diário de Barcelona" com o nome de "El mundo de los Espíritus" em que se ridicularizava o Espiritismo chamando-o de "Monstruosidade".

Amália iniciou a polêmica com a réplica publicada pela "Gaceta de Cataluna".

Em abril de 1878, instada por Luís, Amália rebateu as críticas ao Espiritismo feitas por Manuel Lasarte e publicadas pelo "Ateneo Libre".

Em novembro de 1878, o orador católico Vicente de Manterola iniciou uma série de conferências combatendo a Doutrina. Amália ia assistir a essas conferências e refutava seus argumentos pela "Gaceta de Cataluna".

Ao iniciar o ano de 1879, Manterola publicou "El Satanismo o sea, Ia Cátedra de Satanás, combatida desde Ia Cátedra dei Espíritu Santo — Refutación de los errores de Ia Escuela Espiritista". Em 5 de março, Amália começou a refutar sua obra, o que fez em 46 artigos. Esses artigos, e os anteriores, foram enfeixados pelo editor Juan Torrents que publicou um livro intitulado "El Espiritismo refutando los errores dei Catolicismo".

Luís Llach e Juan Torrents convenceram Amália a dirigir um jornal espírita, que pretendiam fundar e, a 22 de maio de 1879, saiu o primeiro número de "La Luz dei Porvenir". A edição foi denunciada tendo em vista um artigo redigido por Amália sob o título de "La idea de Dios", sendo a publicação suspensa por 42 semanas. Todavia, a 12 de junho, saía a publicação de um novo jornal "El eco de Ia Verdad", que publicou 26 números, até o reaparecimento de "La Luz dei Porvenir" a 11 de dezembro. Desde então, o "Luz" foi a grande seara de trabalho da notável pioneira do Espiritismo espanhol.

A 9 de maio de 1879, pela primeira vez, se manifesta seu guia espiritual — Padre Germano — através da mediunidade de Eudaldo, estimulando-a a prosseguir sem desfalecimento.

Em julho de 1880, Luís entregou a Amália 3 volumes de conferências pronunciadas pelo padre Lianas, que foram refutadas em 15 artigos publicados pelo "La Luz dei Porvenir" e transcritos pela "Gaceta de Cataluna".

Em março de 1884, o padre Sallarés deu, na Catedral de Barcelona uma série de conferências contra o Espiritismo, e Amália combateu seus argumentos em 10 artigos publicados pelo "Luz" e por "El Dilúvio".

Em fevereiro de 1885, o jesuíta padre Fita falou na Catedral de Barcelona sobre o Espiritismo e através do "Luz" Amália o refutou em 9 artigos que foram transcritos por "El Dilúvio".

Quando a mediunidade de Eudaldo eclipsou-se, foi ao seu encontro uma amiga — Maria — cujos dons mediúnicos desabrochavam que se ofereceu para trabalhar com ela. Através da sua mediunidade, recebeu muitas das páginas enfeixadas neste livro.

Amália era médium inspirada e, na leitura deste volume, pode-se identificar, com facilidade, os trabalhos que foram recebidos por ela mesma.

Até os últimos dias, a grande missionária viveu a braços com enfermidades redentoras e, principalmente, com a cegueira, que foi sua provação maior.

Os dados que anotamos foram retirados das "Memórias" que escreveu em vida. Depois de desencarnada, em 10 de julho de 1912, por intermédio da médium Maria, completou suas memórias narrando suas angústias e sofrimentos, sua certeza e sua luta.

Amália Domingo Soler, a quem todos nós espíritas devemos uma existência inteira dedicada ao trabalho de iluminação da Humanidade, desencarnou na madrugada de 29 de abril de 1909, quando contava 73 anos de idade. 

Aécio Chagas

 


Aécio Pereira Chagas (1940-2022, autor de numerosos artigos especializados, publicados em periódicos nacionais e do Exterior, bem como de diversos livros didáticos e de divulgação científica, foi eleito membro da Academia Brasileira de Ciências, integrando outras prestigiosas instituições acadêmicas, como a Sociedade Brasileira de Química, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, a Sociedade Portuguesa de Química e a Royal Society of Chemistry, de Londres.

Como espírita, Aécio também deixou indelével marca. Contribuiu de forma ininterrupta durante décadas em diversas atividades da seara espírita, especialmente no Grupo Espírita Casa do Caminho, de Campinas, onde coordenou reuniões públicas e grupos de estudo, inspirando a todos com seu exemplo de desinteressada dedicação, modéstia e generosidade.



Mediunidade de Cura

 


Nos próximos meses, especialmente em setembro, quando estreia no Brasil o filme Predestinado, Arigó e o espírito do dr. Fritz, o tema mediunidade ganhará evidência não apenas entre os espíritas, uma vez que o fenômeno da cura continuará sempre a surpreender e a despertar o interesse, principalmente quando alguém muito simples, sem anestesia e sem assepsia, consegue realizar cirurgias delicadas, restabelecendo a visão ou retirando tumores, utilizando-se de instrumentos comuns, como facas, canivetes, os que estiverem por perto.

O médium José Pedro de Freitas, o Arigó (1921 – 1971), desafiou cientistas do mundo inteiro e provocou verdadeiro alvoroço em Congonhas do Campo, em Minas Gerais, entre as décadas de 1950 e 1970. Ele chegou mesmo a ser preso, acusado de charlatanismo e prática ilegal da medicina. Mas nada disso foi capaz de acorrentar a sua mediunidade ou impedir que grande fluxo de pessoas continuasse a buscar por sua ajuda para os mais diversos males, muitas delas desenganadas pelos próprios médicos.

Diante do fato de a mediunidade ser vulgarmente entendida como restrita ao espiritismo, o escritor Herculano Pires foi enfático, ao escrever sua obra, Arigó, vida, mediunidade e martírio (Paideia): “É preciso deixar bem claro para o leitor, seja ele espírita, católico, protestante, livre-pensador, materialista, ou de qualquer outra posição ideológica, que o caso Arigó não é religioso. Seu interesse fundamental é o desafio que ele lança aos meios científicos”.


Arigó e a Mediunidade


Com o lançamento do filme “Predestinado: Arigó e o Espírito Dr. Fritz”, a leitura do livro Arigó: Vida, Mediunidade e Martírio, do professor José Herculano Pires, tornou-se oportuna, em virtude de o autor ter convivido com o médium, onde pode obter informações valiosas para este livro.   

As matérias do livro estão divididas em três partes, a saber: Parte I — O Impacto Arigó: vida, mediunidade e martírio; Parte II — Arigó e o Paranormal: benzedura, mitologia, situação social...; Parte III — Depoimentos Médicos: especialista, professor de cirurgia, indivíduo metérgico...

Logo no início do livro diz: “É preciso deixar bem claro para o leitor, seja ele espírita, católico, protestante, livre-pensador, materialista ou de qualquer outra posição ideológica, que o caso Arigó não é religioso. Tem, naturalmente, o seu aspecto religioso, mas o seu ponto central, o seu interesse fundamental é o desafio que ele lança aos meios científicos”.

Um fato importante: José Pedro de Freitas, vulgo Arigó, era um homem simples, cuja religião era o catolicismo. Somente depois, se tornou espírita.

No capítulo VIII da terceira parte, intitulado "Balanço do Caso Arigó", registra algumas conclusões daquilo que viu e ouviu, ou seja, ao que pode observar pessoalmente em Congonhas e colher nos depoimentos médicos.

a) Balanço dos fenômenos

Fazendo um rápido balanço dos fenômenos relatados pelos médicos que ouvimos, chegamos a estas conclusões:

1. Arigó age em estado de transe, pronunciando frases em alemão e falando português com sotaque alemão. Condição verificada por nós e confirmada por todos os médicos que ouvimos, embora alguns não possam afirmar que as frases estranhas sejam exatamente de alemão por não conhecerem suficientemente essa língua.

2. Arigó age de maneira ríspida, não procurando agradar ninguém, nem mesmo os que declinam sua qualidade de médico. Não procura clientela e nem mostra desejo de conservá-la.

3. As intervenções — tanto as operações quanto os chamados exames à ponta de faca — são feitas sem anestesia, sem assepsia, sem qualquer cuidado pré-operatório, sem ação hipnótica, aplicação de técnica letárgica, de acupuntura, de kuatsu, sem instrumentos ou ambientes adequados. Os pacientes não acusam dor e se mostram conscientes durante o ato, respondendo a perguntas.

4. Os diagnósticos são feitos por meio extrassensorial, inclusive à distância. Aos pacientes presentes Arigó geralmente pergunta o que sofrem, mas receita enquanto falam e muitas vezes corrige os doentes. De outras vezes receita para uma moléstia corriqueira de que o doente se queixa, mas acusa aos familiares e a outras pessoas a presença de câncer, realmente existente.

5. Os diagnósticos, as receitas e as operações são efetuados com extrema rapidez. O médico Ary Lex cronometrou a extração de um quisto sinovial realizado em trinta segundos. Verificamos pessoalmente no trabalho de consultas a média de uma receita por minuto.

6. Arigó deixa a faca ou o bisturi pendurado nos olhos do paciente, depois de enfiá-los entre o globo ocular e a pálpebra, na direção da arcada superciliar. Move a faca ou o bisturi na região ocular sem o menor cuidado, com violência, voltando o rosto para outro lado e sem provocar ferimentos. Produz com a faca a protrusão do globo ocular. Na presença do médico Elias Boainain deixou o bisturi e a faca pendurados, ao mesmo tempo, num único olho do paciente.

7. Arigó produz a hemostasia e a coagulação do sangue por meio de ordens verbais ou simples aplicação de pequenas mechas de algodão. Na presença da médica Maria de Lourdes Pedroso fez o sangue parar na curva do maxilar do paciente, no momento exato em que devia escorrer pelo pescoço.

8. Arigó identifica pessoas entre o povo, inclusive médicos que pretendiam observar anonimamente os fenômenos, como ocorreu com a médica psiquiatra referida no item acima.

9. Arigó limpa a faca ou o bisturi nas mãos dos circunstantes ou em suas roupas e depõe nas suas mãos as peças anatômicas extraídas. Na presença da psiquiatra acima referida limpou o bisturi na blusa de uma moça e a blusa não ficou suja, embora o bisturi ficasse limpo.

10. Arigó produziu na presença do médico José Hortêncio de Medeiros Sobrinho a cicatrização imediata de uma incisão para extração de quisto sinovial, deixando no lugar "apenas uma leve cicatriz."

Todos esses fenômenos são de natureza evidentemente paranormal, testemunhados pelos médicos e por milhares de pessoas de todos os graus de cultura que têm ido à procura do sensitivo. Outros fenômenos, como o aparecimento de líquidos em mechas de algodão, nas mãos de Arigó ou de pessoas que o ajudam, inclusive médicos, e o movimento de instrumentos cirúrgicos sem contato do médium, são relatados por centenas de pessoas.

b) Balanço das operações

As operações relatadas pelos médicos que depuseram nesta série foram as seguintes:

1. Pterígio, nos depoimentos do oftamologista e cirurgião ocular Sérgio Valle, que citou como testemunha o seu colega Peri Alves Campos; do especialista em cirurgia geral, Ary Lex; da psiquiatra Maria de Lourdes Pedroso.

2. Catarata, no depoimento do cardiologista José Hortêncio de Medeiros Sobrinho, que mencionou uma técnica de raspagem. O médico Ladeira Marques, do Rio, na citação que fizemos, refere-se à extração do cristalino. Essa contradição aparece em numerosos relatos, parecendo que Arigó emprega duas técnicas diferentes, em ocasiões diversas. Ouvimos de uma jovem oculista a acusação de que Arigó usa uma técnica de raspagem, empurrando o cristalino de maneira perigosa, para dentro da órbita, segundo um velho processo chinês. Este é um caso curioso a ser esclarecido.

3. Sinusite, com perfuração do assoalho do seio frontal, no depoimento da psiquiatra Maria de Lourdes Pedroso, confirmando um dos episódios do relato de nossas observações pessoais.

4. Quisto sinovial, drenagem sem fechamento do corte, no depoimento do cirurgião Ary Lex; extração, com fechamento e cicatrização paranormal imediata no depoimento do médico Hortêncio de Medeiros Sobrinho.

5. Lipoma, duas extrações no depoimento do cirurgião Ary Lex, que cronometrou uma delas, verificando que foi realizada em apenas trinta segundos.

6. Fundo de olho, com protrusão ocular restabelecendo a visão de um cego desde a infância, no depoimento do médico Hortêncio de Medeiros, que não pode precisar a natureza exata dessa intervenção. Também o médico Ladeira Marques, do Rio, refere-se a uma operação semelhante.

7. Surdez, com introdução de uma pinça envolta em algodão nos ouvidos do paciente, sem extração de cera ou de qualquer outro elemento. O algodão saiu apenas manchado de serosidade amarelada, e o paciente ficou ouvindo. Depoimento do médico Hortêncio de Medeiros Sobrinho.

c) Casos de cura

Os casos de cura relatados pelos depoimentos médicos desta série são os seguintes:

1. Câncer, cura radical por receituário de uma paciente de 28 anos, casada, no depoimento do médico Hortêncio de Medeiros Sobrinho. Caso comprovado com exames e operações anteriores, exames e operações posteriores. Cura radical, numa paciente de 30 anos, casada, no depoimento do médico Oswaldo Lidger Conrado. Caso comprovado, como o anterior, mas não por operação posterior. Devemos juntar a este item o importante caso de remissão do processo canceroso num paciente médico, de 72 anos de idade, relatado pelo médico Oswaldo Conrado, e o caso de cura radical de câncer da laringe que serviu de ilustração a um de nossos artigos no Diário de S. Paulo, relatado pelo próprio paciente, o cirurgião-dentista Otto Teixeira de Abreu, consultório à rua Riachuelo, nesta capital. Caso comprovado anteriormente por quinze radiografias, uma laringoscopia e uma biopse.

2. Cura à distância (Arigó em Congonhas e o paciente em Salvador, na Bahia) de um caso de uremia em estado de coma, no depoimento do médico Oswaldo Conrado. Esse caso envolve também o fenômeno de precognição ou premonição, tendo o sensitivo anunciado a vinda futura do doente a São Paulo, que se confirmou.

 

 

 

 







No Dia da Pátria

 


O Espírito Humberto de Campos (Irmão X), em Crônicas de Além-Túmulo, diz-nos que no “Dia da Pátria”, título do capítulo 13, diz-nos que muitas personalidades desencarnadas, que antigamente lutaram pela organização da nacionalidade, vêm às comemorações da Independência.

Em outras palavras, os homens e os Espíritos desencarnados se reúnem, celebrando a data festiva. Eis um trecho do capítulo:

Essas solenidades são sempre lindas e alegres, quando encaradas dentro da sua formosa significação.

As pátrias devem ser as casas imensas das famílias enormes. Unidas fraternalmente, realizariam o sonho da Canaã das Escrituras, na face da Terra. Contudo, quanto mais avançou a civilização nas suas estradas, mais o conceito de pátria foi viciado na essência da sua legítima expressão.

O mesmo se dá no dia 21 de abril, na comemoração de Tiradentes, que enfeixa o capítulo 29 “Tiradentes”. Eis um trecho do capítulo:

Dos infelizes protagonistas da Inconfidência Mineira, no dia 21 de abril de todos os anos, aqueles que podem excursionar pela Terra volvem às ruínas de Ouro Preto, a fim de se reunirem entre as velhas paredes da casa humilde do sítio da Cachoeira, trazendo a sua homenagem de amor à personalidade do Tiradentes.

Nessas assembleias espirituais, que os encarnados poderiam considerar como reuniões de sombras, os preitos de amor são mais expressivos e mais sinceros, livres de todos os enganos da História e das hipocrisias convencionais.

XAVIER, F. C. Crônicas de Além-Túmulo, pelo Espírito Humberto de Campos. Rio de Janeiro: FEB, Copyright 1937.

 

Longinus e D. Pedro II

Conta-se que Longinus fora o soldado romano que perfurou Jesus com uma lança, contraindo pesadas dívidas.

No livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, ele é chamado por Jesus para reencarnar como D. Pedro II e, assim, poder reparar o seu débito com relação à Lei Natural.

Eis um trecho do livro:

— Longinus, entre as nações do orbe terrestre, organizei o Brasil como o coração do mundo. Minha assistência misericordiosa tem velado constantemente pelos seus destinos e, inspirando a Ismael e seus companheiros do Infinito, consegui evitar que a pilhagem das nações ricas e poderosas fragmentasse o seu vasto território, cuja configuração geográfica representa o órgão do sentimento no planeta, como um coração que deverá pulsar pela paz indestrutível e pela solidariedade coletiva e cuja evolução terá de dispensar, logicamente, a presença contínua dos meus emissários para a solução dos seus problemas de ordem geral. Bem sabes que os povos têm a sua maioridade, como os indivíduos, e se bem não os percam de vista os gênios tutelares do mundo espiritual, faz-se mister se lhes outorgue toda a liberdade de ação, a fim de aferirmos o aproveitamento das lições que lhes foram prodigalizadas.

"Sente-se o teu coração com a necessária fortaleza para cumprir uma grande missão na Pátria do Evangelho?"

— Senhor — respondeu Longinus, num misto de expectativa angustiosa e de refletida esperança —, bem conheceis o meu elevado propósito de aprender as vossas lições divinas e de servir à causa das vossas verdades sublimes, na face triste da Terra. Muitas existências de dor tenho voluntariamente experimentado, para gravar no íntimo do meu espírito a compreensão do vosso amor infinito, que não pude entender ao pé da cruz dos vossos martírios no Calvário, em razão dos espinhos da vaidade e da impenitência, que sufocavam, naquele tempo, a minha alma. Assim, é com indizível alegria, Senhor, que receberei vossa incumbência para trabalhar na terra generosa, onde se encontra a árvore magnânima da vossa inesgotável misericórdia. Seja qual for o gênero de serviços que me forem confiados, acolherei as vossas determinações como um sagrado ministério.

— Pois bem — redarguiu Jesus com grande piedade —, essa missão, se for bem cumprida por ti, constituirá a tua última romagem pelo planeta escuro da dor e do esquecimento. A tua tarefa será daquelas que requerem o máximo de renúncias e devotamentos. Serás imperador do Brasil, até que ele atinja a sua perfeita maioridade, como nação. Concentrarás o poder e a autoridade para beneficiar a todos os seus filhos...

Seu empenho foi tão grande que, instado a deixar o país, leva consigo somente um travesseiro de terra do Brasil, como está descrito no capítulo 27 “República”, do referido livro:

Confortado pelas luzes do Alto, que o não abandonaram em toda a vida, D. Pedro II não permitiu que se derramasse uma gota de sangue brasileiro, no imprevisto acontecimento. Preparou, rapidamente, sua retirada com a família imperial para a Europa, obedecendo às imposições dos revolucionários e, com lágrimas nos olhos, rejeita as elevadas somas de dinheiro que o Tesouro Nacional lhe oferece, para aceitar somente um travesseiro de terra do Brasil, a fim de que o amor da Pátria do Cruzeiro lhe santificasse a morte, no seu exílio de saudade e pranto.

Relembrando nossa história, vista pelo ângulo do Espírito, notamos a grande responsabilidade que nos cabe quanto à implantação do Evangelho na Terra do Cruzeiro.

 

Comemoração dos 200 Anos da Independência do Brasil: Mensagem de Bezerra de Menezes

 


Sete de setembro do ano de 2022 – BRASIL

Chegou o momento histórico pelo grito de liberdade.

ISMAEL, com sua equipe de Espíritos, luta com as armas do amor, da tolerância e da liberdade.

ISMAEL, o governador da Pátria do Cruzeiro, com o coração interligado ao coração de JESUS, o Mestre de todos, rejubila-se na expectativa de grandes realizações a serem cumpridas no dia 07 de setembro.

Clamamos a todos os cristãos que se interliguem, nesse dia, aos corações da Espiritualidade no grito da liberdade! O Brasil receberá das mãos de JESUS a nova “Independência”, que libertará o Brasil das amarras dos traidores da Pátria e da bandeira nacional.

O momento é de muita cautela. Amigos de elevada grandeza espiritual estão nessa luta há séculos, aguardando o posicionamento íntegro e moral do Homem na Terra. O momento é de grandes realizações.

A Casa do Cinza foi exortada pelo seu venerando e incansável batalhador pela Causa do Evangelho, Odilon Fernandes, para que mantivéssemos o Evangelho sempre em pauta, que será nosso suporte para que o grito de liberdade seja dado ao nosso povo brasileiro.

Nosso intuito, o da Espiritualidade Maior, não é um ato político, mas sim, preparar decisões a serem cumpridas para o Mundo da Regeneração, decisões concretas, sérias, a pedido de JESUS, Nosso Mestre e Senhor.

Nosso trabalho no momento é em prol da Moral, — naqueles que querem apenas o poder, o egoísmo, a vaidade e a corrupção, — menosprezando a cultura e o ser humano, e até mesmo a própria família.

Nosso ato será de amor à Pátria do Cruzeiro, para onde Seu Evangelho foi transplantado, diretamente das mãos de JESUS, para o Brasil. Devemos respeito, admiração e amor por Sua Realeza, essa divindade que é nosso JESUS.

Queremos no momento que, unidos, nos preparemos, orando e lendo o Evangelho e, cantemos o Hino Nacional, que dará o suporte da calma e da tranquilidade a fim de que consigamos amparar, nesse momento decisivo, o nosso povo brasileiro, merecedor de tantas vitórias, mas tão empunhadas pelo sofrimento.

Muitos ainda querem a derrocada da nossa pátria. Equipes de Espíritos sem escrúpulos mantém ainda a desordem do nosso planeta, lutam com armas poderosíssimas a fim de destruir o que está nas mãos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

O momento é de muita cautela. ISMAEL, em lágrimas, busca JESUS para o sustento. O reforço chegou! Fechadas foram todas as portas de acesso. Irmãos preparados para o ataque são proibidos de adentrar a Pátria do Cruzeiro. ISMAEL ajoelha-se e agradece e o plano é colocado em ação.

A bandeira nacional é desfraldada em todo o torrão brasileiro, na cobertura extensa de proteção. A luta continua nos dois Planos, o dos encarnados e dos desencarnados.

Vamos saudar a JESUS, de joelhos, e àqueles que ao lado de ISMAEL, Espírito de uma grandeza incalculável, se entrega de coração à proteção do Brasil. Vamos saudar àqueles que, ao seu lado, sempre lutaram para manter a ordem e o progresso.

A partir do dia sete de setembro do ano 2022 estará proibida a entrada de irmãos nossos que debandaram para o mal. Grandes oportunidades foram dadas a todos, mas não quiseram aceitar a proposta da luz, e se mantiveram na escuridão.

JESUS os conclama novamente, — mas não aceitam! — JESUS chora pelas suas ovelhas que se transviaram e que precisam ser recuperadas. Muitas delas, porém, já estão em outros Planos na recuperação de suas mentes doentias.

JESUS fala outra vez a Ismael:

— ISMAEL, peço-vos! Conclame a todos os cristãos brasileiros, que precisamos da ajuda de todos; queremos o apoio de todos os corações brasileiros cantando pela união, rumo à paz Mundial.

Ajuntem-se a nós! BRASIL! — Não haverá país como esse — Coração do Mundo e Pátria do Evangelho! Viva o Brasil e suas belezas naturais apontadas por JESUS.

Viva a liberdade. Viva a esperança de que sairemos todos vitoriosos rumo a um Mundo Regenerado.

Espíritos de futuras crianças se aportam de Outras Moradas, na construção de um Mundo melhor a todos os viventes no Brasil, pátria escolhida por DEUS.

Chegou o momento de uma nova Independência. Avante Cristãos! Sairemos vitoriosos com a ajuda de todos. Oremos e cantemos o Hino Nacional.

Lembrem-se da bandeira que JESUS pediu a ISMAEL fosse hasteada no solo pátrio: “DEUS AMOR E CARIDADE”.

Sete de setembro do ano 2022 — JESUS avisa a ISMAEL que estará a seu lado, caminharão juntos com o povo brasileiro.

ISMAEL, emocionado, chora novamente e, braços estendidos ao céu proclamam: “AVE CRISTO!”

AVE CRISTO! Novas esperanças. O Brasil conseguirá, entre tantas lutas, ser a grande nação do futuro e o celeiro do mundo.

Despeço, com muita emoção e lágrimas nos olhos. Esse humílimo servidor de todos,

Bezerra de Menezes.

Mensagem recebida na noite do dia 19/08/2022, 00h30, na residência da médium da Casa do Cinza, Raulina Rosa Pontes.

Fontehttps://casadocinza.com/2022/09/04/segunda-independencia-do-brasil-mensagem-do-dr-adolpho-bezerra-de-menezes-sobre-07-09-2022/


 

A Independência do Brasil Segundo o Espírito Humberto de Campos

 


Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho é um livro ditado pelo Espírito Humberto de Campos ao médium Francisco Cândido Xavier, cuja primeira edição foi publicada em 1938. É a história política, econômica e social do Brasil, vista pelos olhos da espiritualidade.

Segundo o Espírito Humberto de Campos, Jesus, depois de constatar que as nações europeias estavam dominadas pelo egoísmo, orgulho e vaidade de seus habitantes traça, juntamente com Helil, um novo roteiro para o desenvolvimento espiritual dos terráqueos. Nesse mister, as noites de Cabral, povoadas de sonhos sobrenaturais, são os sinais do plano espiritual no sentido de desviar as caravelas do caminho das Índias para o coração geográfico do Brasil, que deveria permanecer intacto.

Para tanto, incumbiu o Espírito Ismael de reunir os sedentos de justiça divina (degredados), os simples de coração (índios), os humildes e aflitos (escravos), pois queria edificar sobre a rocha firme o alicerce espiritual do povo brasileiro.

Os holandeses, franceses e espanhóis forneceram subsídios valiosos para a nossa formação mesclada. Villegaignon, por exemplo, deu mostras de uma mentalidade religiosa e honesta. João Maurício, príncipe de Nassau, cuja estada no Brasil fora preparada no plano espiritual teve a incumbência de desenvolver os germes do amor, respeito, tolerância e liberdade.

O capítulo 19 trata da "Independência do Brasil".

"O movimento da emancipação percorria todos os departamentos de atividades políticas da pátria; mas, por disposição natural, era no Rio de Janeiro, cérebro do país, que fervilhavam as ideias libertárias, incendiando todos os espíritos. Os mensageiros invisíveis desdobravam sua ação junto de todos os elementos, preparando a fase final do trabalho da independência, através dos processos pacíficos.

Os patriotas enxergavam no Príncipe D. Pedro a figura máxima, que deveria encarnar o papel de libertador do reino do Brasil. O príncipe, porém, considerando as tradições e laços de família, hesitava ainda em optar pela decisão suprema de se separar, em caráter definitivo, da direção da metrópole.

Conhecendo as ordens rigorosas das Cortes de Lisboa, que determinavam o imediato regresso de D. Pedro a Portugal, reúnem-se os cariocas para tomarem as providências de possível execução e uma representação com mais de oito mil assinaturas é levada ao príncipe regente, pelo Senado da Câmara, acompanhado de numerosa multidão, a 9 de janeiro de 1822. D. Pedro, diante da massa de povo, sente a assistência espiritual dos companheiros de Ismael, que o incitam a completar a obra da emancipação política da Pátria do Evangelho, recordando-lhe, simultaneamente, as palavras do pai no instante das despedidas. Aquele povo já possuía a consciência da sua maioridade e nunca mais suportaria o retrocesso à vida colonial, integrado que se achava no patrimônio das suas conquistas e das suas liberdades. Em face da realidade positiva, após alguns minutos de angustiosa expectativa, o povo carioca recebia, por intermédio de José Clemente Pereira, a promessa formal do príncipe de que ficaria no Brasil, contra todas as determinações das Cortes de Lisboa, para o bem da coletividade e para a felicidade geral da nação. Estava, assim, proclamada a independência do Brasil, com a sua audaciosa desobediência às determinações da metrópole portuguesa.

Todo o Rio de Janeiro se enche de esperança e de alegria. Mas, as tropas fiéis a Lisboa resolvem normalizar a situação, ameaçando abrir luta com os brasileiros, a fim de se fazer cumprirem as ordens da Coroa. Jorge de Avilez, comandante da divisão, faz constar, imediatamente, os seus propósitos, e, a 11 de janeiro, as tropas portuguesas ocupam o Morro do Castelo, que ficava a cavaleiro da cidade. Ameaçado de bombardeio, o povo carioca reúne as multidões de milicianos, incorpora-os às tropas brasileiras e se posta contra o inimigo no Campo de Santana. O perigo iminente faz tremer o coração fraterno da cidade. Não fosse o auxílio do Alto, todos os propósitos de paz se teriam malogrado numa pavorosa maré de ruína e de sangue. Ismael açode ao apelo das mães desveladas e sofredoras e, com o seu coração angélico e santificado, penetra as fortificações de Avilez e lhe faz sentir o caráter odioso das suas ameaças à população. A verdade é que, sem um tiro, o chefe português obedeceu, com humildade, à intimação do Príncipe D. Pedro, capitulando a 13 de janeiro e retirando-se com as suas tropas para a outra margem da Guanabara, até que pudesse regressar com elas, para Lisboa.

Os patriotas, daí por diante, já não pensam noutra coisa que não seja a organização política do Brasil. Todas as câmaras e núcleos culturais do país se dirigem a D. Pedro em termos encomiásticos, louvando-lhe a generosidade e exaltando-lhe os méritos. Os homens eminentes da época, a cuja frente somos forçados a colocar a figura de José Bonifácio, como a expressão culminante dos Andradas, auxiliam o príncipe regente, sugerindo-lhe medidas e providências necessárias. Chegando ao Rio por ocasião do grande triunfo do povo, após a memorável resolução do "Fico", José Bonifácio foi feito ministro do reino do Brasil e dos Negócios Estrangeiros. O patriarca da independência adota as medidas políticas que a situação exigia, inspirando, com êxito, o príncipe regente nos seus delicados encargos de governo.

Gonçalves Ledo, Frei Sampaio e José Gemente Pereira, paladinos da imprensa da época, foram igualmente grandes propulsores do movimento da opinião, concentrando as energias nacionais para a suprema afirmação da liberdade da pátria.

Todavia, se a ação desses abnegados condutores do povo se fazia sentir desde Minas Gerais até o Rio Grande do Sul, o predomínio dos portugueses, desde a Bahia até o Amazonas, representava sério obstáculo ao incremento e consolidação do ideal emancipacionista. O governo resolve contratar os serviços das tropas mercenárias de Lorde Cochrane, o cavaleiro andante da liberdade da América Latina. Muitas lutas se travam nas costas baianas e verdadeiros sacrifícios se impõem os mensageiros de Ismael, que se multiplicam em todos os setores com o objetivo de conciliar seus irmãos encarnados, dentro da harmonia e da paz, sempre com a finalidade de preservar a unidade territorial do Brasil, para que se não fragmentasse o coração geográfico do mundo.

José Bonifácio aconselha a D. Pedro uma viagem a Minas Gerais, a fim de unificar o sentimento geral em favor da independência e serenar a luta acerba dos partidarismos. Em seguida, outra viagem, com os mesmos objetivos, realiza o príncipe regente a São Paulo. Os bandeirantes, que no Brasil sempre caminharam na vanguarda da emancipação e da autonomia, recebem-no, com o entusiasmo da sua paixão libertária e com a alegria da sua generosa hospitalidade e, enquanto há música e flores nos teatros e nas ruas paulistas, comemorando o acontecimento, as falanges invisíveis se reúnem no Colégio de Piratininga. O conclave espiritual se realiza sob a direção de Ismael, que deixa irradiar a luz misericordiosa do seu coração. Ali se encontram heróis das lutas maranhenses e pernambucanas, mineiros e paulistas, ouvindo-lhe a palavra cheia de ponderação e de ensinamentos. Terminando a sua alocução pontilhada de grande sabedoria, o mensageiro de Jesus sentenciou:

— A independência do Brasil, meus irmãos, já se encontra definitivamente proclamada. Desde 1808, ninguém lhe podia negar ou retirar essa liberdade. A emancipação da Pátria do Evangelho consolidou-se, porém, com os fatos verificados nestes últimos dias e, para não quebrarmos a força dos costumes terrenos, escolheremos agora uma data que assinale aos pósteros essa liberdade indestrutível.

Dirigindo-se ao Tiradentes, que se encontrava presente, rematou:

— O nosso irmão, martirizado há alguns anos pela grande causa, acompanhará D. Pedro em seu regresso ao Rio e, ainda na terra generosa de São Paulo, auxiliará o seu coração no grito supremo da liberdade. Uniremos assim, mais uma vez, as duas grandes oficinas do progresso da pátria, para que sejam as registradoras do inesquecível acontecimento nos fastos da história. O grito da emancipação partiu das montanhas e deverá encontrar aqui o seu eco realizador. Agora, todos nós que aqui nos reunimos, no sagrado Colégio de Piratininga, elevemos a Deus o nosso coração em prece, pelo bem do Brasil.

Dali, do âmbito silencioso daquelas paredes respeitáveis, saiu uma vibração nova de fraternidade e de amor.

Tiradentes acompanhou o príncipe nos seus dias faustosos, de volta ao Rio de Janeiro. Um correio providencial leva ao conhecimento de D. Pedro as novas imposições das Cortes de Lisboa e ali mesmo, nas margens do Ipiranga, quando ninguém contava com essa última declaração sua, ele deixa escapar o grito de "Independência ou Morte!", sem suspeitar de que era dócil instrumento de um emissário invisível, que velava pela grandeza da pátria.

Eis por que o 7 de Setembro, com escassos comentários da história oficial que considerava a independência já realizada nas proclamações de 1.° de agosto de 1822, passou à memória da nacionalidade inteira como o Dia da Pátria e data inolvidável da sua liberdade.

Esse fato, despercebido da maioria dos estudiosos, representa a adesão intuitiva do povo aos elevados desígnios do mundo espiritual".

 

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