Para saber mais sobre a biografia da médium espanhola, leia o texto extraído do livro "Reencarnação e Vida", de sua autoria.
Breve nota biográfica
Amália Domingo Soler nasceu em Sevilha, aos 10 de dezembro de 1835.
Com oito dias de idade, e durante três meses, ficou cega, tendo sido curada por um farmacêutico.
Quando tinha 10 anos de idade começou a escrever poesias.
Aos 18 anos, publicou seus primeiros versos.
Contava 25 anos quando faleceu sua genitora, deixando-a só no mundo. Educada e tratada como uma princesa, daí para frente abriu-se-lhe uma estrada de sofrimentos. Quando escassearam suas posses, os parentes, que a alimentaram provisoriamente, sugeriram seu ingresso num convento, o que repeliu de pronto. Depois, tentaram convencê-la a casar-se com um velho abastado, solução que também não aceitou.
Preferiu ganhar a própria vida, costurando e escrevendo, e como em Madrid teria melhor paga, mudou-se para lá.
Mas, trabalhando dia e noite, seus olhos não suportaram a tarefa, e em pouco tempo, viu-se quase cega. Impedida de ganhar o seu sustento, ia procurar, nas casas das senhoras que lhe davam serviço, o que comer. Desesperada, vagou pelos templos católicos e protestantes procurando uma mensagem que a consolasse. Sua situação piorava dia a dia. Chegou a ir buscar sua sopa em uma instituição que atendia os mendigos.
O médico que cuidava de seus olhos — um materialista — certo dia falou-lhe de uns "loucos", os espiritistas, que procuram explicar todas as dores, e prometeu-lhe trazer um jornal que recebia "El Critério". Na simples leitura do jornal, Amália identificou-se com os ensinamentos espíritas.
Passou a procurar uma família de espíritas que tivesse as obras de Kardec e, apesar de sua semi-cegueira, leu-as afanosamente ganhando uma convicção absoluta.
Certa manhã, sentiu uma sensação estranha e dolorosa na cabeça, como se estivesse cheia de neve. Daí a instantes, ouviu uma voz que lhe dizia: Luz!. . . Luz!. . . e recobrou, quase que inteiramente, a visão.
Principiou, então, a escrever. Mandou uma poesia para a redação do "El Critério" que foi publicada. Mandou outra para o jornal "La Revelación" que, além de publicá-la, ofereceu-lhe suas colunas para que escrevesse a respeito do Espiritismo.
Seu primeiro artigo sobre matéria doutrinária, foi publicado pelo "El Critério", em seu número 9 e na primeira página, em 1872 — há cem anos, portanto — e se intitulava "A Fé Espírita".
Começou a frequentar a Sociedade Espiritista Espanhola, onde se fez querida e apreciada. A 4 de abril de 1874, quando a sociedade comemorava o aniversário de Allan Kardec, Amália foi convidada a declamar uma poesia, que ela própria escrevera, intitulada "A Ia memória de Allan Kardec". Tanto foi seu sucesso que, daí para diante, participou de muitos trabalhos da Sociedade.
Trabalhava de dia e escrevia à noite. Muitos jornais espíritas passaram a reclamar sua colaboração.
Foi Fernandes Colavida quem lhe presenteou com a coleção completa das obras de Kardec, em cujos ensinos, desde os primeiros dias, orientou seus trabalhos.
Convidada a ir para Alicante, os membros da sociedade espiritista, quiseram tomá-la sob sua proteção para que dedicasse todo o seu tempo ao Espiritismo. Amália abominou a ideia de viver às custas da Doutrina. Queria ganhar o próprio sustento apesar da cegueira que a ameaçava, pois, costurando consumia seus olhos no trabalho.
De Alicante foi para Múrcia onde os espíritas a receberam de braços abertos. Permaneceu ali 4 meses convalescendo de uma enfermidade. Como em Múrcia havia pouco trabalho para ela, em fevereiro de 1876 voltou para Madrid.
A 20 de junho de 1876, convidada pelo Circulo "La Buena Nueva", foi para Barcelona. Quis iniciar seu trabalho de costureira, mas o Presidente do Círculo, Luís Llach profetizou-lhe que em 3 meses ficaria cega; se escrevesse, no entanto, para o Espiritismo teria a visão pelo resto dos seus dias. Amália não se submeteu e, ao cabo de 3 meses, quase não podia ver.
A 10 de agosto de 1876, mudou-se para a casa de Luís. Convencida da sua desvalia dedicou-se a escrever para os jornais espíritas. Luís a estimulava continuamente e foi esse homem generoso que se erigiu em seu protetor, quem a impulsionou no trabalho doutrinário.
Frequentava o Círculo, nessa época Miguel Vives e, através da sua mediunidade, Amália recebeu extensa e terna comunicação do Espírito de sua mãe, cujas palavras levantaram decididamente seu ânimo.
Em breve, revelou-se no Círculo um médium sonâmbulo notável, Eudaldo, que se tornou companheiro dedicado de Amália e recebeu grande número das mensagens contidas neste volume.
Em fins de agosto de 1877, Luís Llach pediu-lhe que contestasse um artigo publicado pelo "Diário de Barcelona" com o nome de "El mundo de los Espíritus" em que se ridicularizava o Espiritismo chamando-o de "Monstruosidade".
Amália iniciou a polêmica com a réplica publicada pela "Gaceta de Cataluna".
Em abril de 1878, instada por Luís, Amália rebateu as críticas ao Espiritismo feitas por Manuel Lasarte e publicadas pelo "Ateneo Libre".
Em novembro de 1878, o orador católico Vicente de Manterola iniciou uma série de conferências combatendo a Doutrina. Amália ia assistir a essas conferências e refutava seus argumentos pela "Gaceta de Cataluna".
Ao iniciar o ano de 1879, Manterola publicou "El Satanismo o sea, Ia Cátedra de Satanás, combatida desde Ia Cátedra dei Espíritu Santo — Refutación de los errores de Ia Escuela Espiritista". Em 5 de março, Amália começou a refutar sua obra, o que fez em 46 artigos. Esses artigos, e os anteriores, foram enfeixados pelo editor Juan Torrents que publicou um livro intitulado "El Espiritismo refutando los errores dei Catolicismo".
Luís Llach e Juan Torrents convenceram Amália a dirigir um jornal espírita, que pretendiam fundar e, a 22 de maio de 1879, saiu o primeiro número de "La Luz dei Porvenir". A edição foi denunciada tendo em vista um artigo redigido por Amália sob o título de "La idea de Dios", sendo a publicação suspensa por 42 semanas. Todavia, a 12 de junho, saía a publicação de um novo jornal "El eco de Ia Verdad", que publicou 26 números, até o reaparecimento de "La Luz dei Porvenir" a 11 de dezembro. Desde então, o "Luz" foi a grande seara de trabalho da notável pioneira do Espiritismo espanhol.
A 9 de maio de 1879, pela primeira vez, se manifesta seu guia espiritual — Padre Germano — através da mediunidade de Eudaldo, estimulando-a a prosseguir sem desfalecimento.
Em julho de 1880, Luís entregou a Amália 3 volumes de conferências pronunciadas pelo padre Lianas, que foram refutadas em 15 artigos publicados pelo "La Luz dei Porvenir" e transcritos pela "Gaceta de Cataluna".
Em março de 1884, o padre Sallarés deu, na Catedral de Barcelona uma série de conferências contra o Espiritismo, e Amália combateu seus argumentos em 10 artigos publicados pelo "Luz" e por "El Dilúvio".
Em fevereiro de 1885, o jesuíta padre Fita falou na Catedral de Barcelona sobre o Espiritismo e através do "Luz" Amália o refutou em 9 artigos que foram transcritos por "El Dilúvio".
Quando a mediunidade de Eudaldo eclipsou-se, foi ao seu encontro uma amiga — Maria — cujos dons mediúnicos desabrochavam que se ofereceu para trabalhar com ela. Através da sua mediunidade, recebeu muitas das páginas enfeixadas neste livro.
Amália era médium inspirada e, na leitura deste volume, pode-se identificar, com facilidade, os trabalhos que foram recebidos por ela mesma.
Até os últimos dias, a grande missionária viveu a braços com enfermidades redentoras e, principalmente, com a cegueira, que foi sua provação maior.
Os dados que anotamos foram retirados das "Memórias" que escreveu em vida. Depois de desencarnada, em 10 de julho de 1912, por intermédio da médium Maria, completou suas memórias narrando suas angústias e sofrimentos, sua certeza e sua luta.
Amália Domingo Soler, a quem todos nós espíritas devemos uma existência inteira dedicada ao trabalho de iluminação da Humanidade, desencarnou na madrugada de 29 de abril de 1909, quando contava 73 anos de idade.
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