Ação e reação nas leis divinas.

Dando sequência à publicação de artigos com enfoque da Doutrina Espírita de produção de Sérgio Biagi Gregório, presidente do Centro Espírita Ismael, e que é um profundo estudioso dos temas. O autor tem mais de 200 textos - ver também o site http://www.ceismael.com.br --, produzidos ao longo de vários anos, que iremos apresentá-los. São assuntos de grande importância para que possamos rever os nossos conceitos e aprendizado. Ao mesmo tempo que serão úteis aos alunos nos Cursos de Educação Mediúnica. Lembramos que esses textos são referências em reportagens e palestras.  Em breve poderemos também apresentar artigos de outros companheiros de nossa Casa. Inclusive, agradecemos as colaborações e sugestões.

Ação e Reação – por Sérgio Biagi Gregório

SUMÁRIO: 1. Introdução. 2. Conceito. 3. Aspectos Gerais. 4. Ação: 4.1. Princípio da Ação; 4.2. Os Meios e os Fins de uma Ação; 4.3. Autonomia de uma Ação. 5. Reação: 5.1. Reação não é só Sofrimento; 5.2. Lei de Deus; 5.3. A Inexorabilidade da Lei. 6. A Passagem do Tempo entre a Ação e a Reação: 6.1. Antecedentes e Conseqüentes; 6.2. O Tempo Modifica a Causa; 6.3. Perda do Dedo e não do Braço. 7. Conclusão. 8. Bibliografia Consultada.

1. INTRODUÇÃO
O objetivo deste estudo é mostrar que o acaso não existe e que um futuro promissor depende das boas ações praticadas no presente.
2. CONCEITO
Ação – ato o efeito de agir. Manifestação de uma força, de uma energia, de um agente.
Em termos espirituais, a ação inteligente do homem é um contrapeso que Deus dispôs para estabelecer o equilíbrio entre as forças da Natureza e é ainda isso o que o distingue dos animais, porque ele obra com conhecimento de causa. (Equipe da FEB, 1995)
Reação - Ato ou efeito de reagir. Resposta a uma ação qualquer. Comportamento de alguém em face de ameaça, agressão, provocação etc.
Em termos espirituais, a reação é a conseqüência que a ação humana acarreta ao ser defrontada com a Lei Natural. 
3. ASPECTOS GERAIS
Deus, que é inteligência suprema e causa primária de todas as coisas, estabeleceu leis, chamadas de naturais ou divinas. Elas englobam todas as ações do homem: para consigo mesmo, para com o próximo e para com o meio ambiente.
Numa fase mais rudimentar, funciona o determinismo divino; com o desenvolvimento do ser, Deus faculta-lhe o livre-arbítrio, a fim de que sinta responsabilidade pelos atos praticados.
Assim, o homem tem uma lei, uma diretriz, um modelo colocado por Deus na sua consciência, no sentido de nortear-lhe os seus atos.
A reação nada mais é do que uma resposta da natureza às nossas ações. Reações estas baseadas na lei natural.
O raciocínio poderia ser expresso assim: há uma ação que provoca uma reação; a ação da reação provoca uma nova reação; a ação da reação da reação provoca outra ação. A isso poderíamos denominar de cadeias de ação e reação.
A filosofia hindu chama essa cadeia de Carma, ou seja, o somatório do mérito e do demérito de todas as ações praticadas pelo indivíduo.
A finalidade dessa cadeia de ação e reação é a perfeição do Espírito.
4. AÇÃO
4.1. PRINCÍPIO DA AÇÃO
Os movimentos que executamos em nosso dia-a-dia caracterizam as nossas ações. Fazer ou deixar de fazer, escrever ou não escrever, obedecer ou mandar são atitudes corriqueiras em nossa ocupação diária. Ocupar-se provém de um preocupar-se. À preocupação com uma ação futura, denominamos princípio da ação.
Um exemplo tornará claro esse pensamento. Barbear-se é uma ação que a maioria dos homens pratica. O barbear-se está ligado a um princípio que o indivíduo forjou para si, ou seja, ele tomou uma decisão de apresentar-se barbeado. Ele deseja estar barbeado e não barbudo, como também poderia escolher ficar com barba. Nesse caso, eliminaria a ação de barbear-se, mas deveria aparar as barbas uma vez por semana.
Assistir a ou proferir uma palestra é uma ação. O princípio subjacente a este encontro está calcado tanto na conduta do expositor quanto na do ouvinte. O primeiro tem o dever de preparar o assunto; o segundo, o preparo mental e espiritual para ouvir.
4.2. OS MEIOS E OS FINS DE UMA AÇÃO
Estamos sempre confundindo os meios com os fins. Poder-se-ia perguntar: qual o fim de uma palestra? Qual o fim de uma religião? Qual o fim de um sindicato? As respostas poderiam ser: o fim de uma palestra espírita é difundir a verdade; o fim da religião é salvar os seus adeptos; o fim de um sindicato é defender os interesses de seus associados. Pode-se, contudo, confundir os meios com os fins: o expositor pode querer fazer prosélitos à custa da verdade; o Pastor, o Padre ou o mesmo o Espírita embora clamem pela salvação do adepto, acabam proibindo a salvação do mesmo em outra Igreja que não seja a sua; O presidente do sindicato pode promover greves, não para defender os interesses dos seus associados, mas para a sua ascensão política.
4.3. AUTONOMIA DE UMA AÇÃO
Temos, por várias razões, dificuldade de agir livremente. 1) A ignorância. Como escolher quando não se conhece? 2) Desenvolvimento determinístico imposta pelo princípio de causalidade. 3) Escassez de recursos naturais. São os terremotos, tempestades, acidentes etc.
O que permanece livre dessas amarras constitui o livre-arbítrio.
Há uma lenda japonesa que retrata a autonomia da ação.
Kussunoki Massashige, famoso guerreiro do antigo Japão, celebérrimo pela sua inteligência e pelos seus lances geniais de estratégia, vivia desde sua infância no meio dos guerreiros.
Uma vez, no castelo de seu pai, observava os guerreiros que, reunidos ao redor de um enorme sino, apostavam quem deles conseguiria pô-lo em movimento. Contudo, nenhum deles, mesmo o mais hercúleo conseguiu mover milímetro do sino. O menino assistia a tudo isso com muito interesse. De repente, apresenta-se para mover o sino, desde que tomasse o tempo necessário para tal mister. Ele cola o seu corpo ao sino e começa a fazer esforço para balançar o sino. Depois de várias tentativas o sino começou a mover-se; primeiro lentamente; depois com mais força, formando uma simbiose entre o sino e o peso do garoto.
Qual a lição moral deste conto? É que devemos nos amoldar à situação e não o contrário. Observe a chegada de novos companheiros a um Centro Espírita: quantos, numa primeira reunião, não querem mudar tudo. Qual o resultado? Não conseguirão nada, porque não absorveram as atitudes e os comportamentos das pessoas envolvidas com a situação.
5. REAÇÃO
5.1. REAÇÃO NÃO É SÓ SOFRIMENTO
Geralmente, a palavra reação vem impregnada de dor e de sofrimento: é como o pecador ardendo no fogo do inferno. No meio espírita, toma-se como sinônimo de carma, que implica em sofrer e resgatar as dívidas do passado. A reação, por seu turno, nada mais é do que uma resposta – boa ou má –, em razão de nossas ações. A reação é simplesmente uma resposta, nada mais. Suponha que estejamos praticando boas ações. Por que aguardar o sofrimento? Não seria melhor confiar na Vontade de Deus, na execução de sua justiça, que nos quer trazer a felicidade?
5.2. LEI DE DEUS
Qual o móvel que determina uma reação? É a Lei de Deus. Se a prática de uma ação não for concernente com a Lei de Deus, ou seja, se ela não expressar o bem ao próximo, ela não foi praticada em função da vontade de Deus. Qual será a reação com relação à Lei? Dor e sofrimento.
Qual deve ser a nossa atitude para com a dor? Quem gosta de sofrer? Acontece que sem ela não conseguiremos nos amoldar eficazmente à Lei de Deus. Se, por outro lado, interpretássemos a dor e o sofrimento como um ganho, um aprendizado das coisas úteis da vida, quem sabe não viveríamos melhor.
5.3. A INEXORABILIDADE DA LEI
A Lei de Deus é justa e sábia. É por isso que dizemos que o acaso não existe. Isso quer dizer que tudo o que se nos acontece deveria nos acontecer. Nesse sentido, Deus não perdoa e nem premia. Faz, simplesmente, cumprir a sua Lei.
Como é que deveríamos agir com relação ao sofrimento? Verificar onde erramos. Caso tenhamos cometido algum crime, algum deslize, deveríamos nos arrepender. Basta apenas o arrependimento? Não. É preciso sofrer de forma educada. Ainda mais: temos que reparar o mal que fizemos. Deus se vale das pessoas, mas o nosso problema é com relação a radicalidade de sua Lei. E não adianta adiar porque, mais cedo ou mais tarde, a nossa consciência nos indicará o erro e teremos que refazer o mal praticado.
6. A PASSAGEM DO TEMPO ENTRE A AÇÃO E A REAÇÃO
6.1. ANTECEDENTES E CONSEQÜENTES
A causa passada gera uma dor no presente; a causa presente provoca um sofrimento futuro. Um fato social é um evento quantitativo: aconteceu em tal dia, em tal local e em tal hora. A passagem do tempo transforma o fato quantitativo em fato qualitativo. Como se explica? Observe a água: ela é formada da junção de 2 elementos de hidrogênio com 1 de oxigênio. A água, embora contenha dois elementos de hidrogênio e um de oxigênio, é qualitativamente diferente do hidrogênio e do oxigênio.
6.2. O TEMPO MODIFICA QUALITATIVAMENTE A CAUSA
Transportemos o exemplo da água para o campo moral. Suponha que há 300 anos houve um assassinato entre duas pessoas que se odiavam. Como conseqüência, criou-se um processo obsessivo entre os dois. O fato real e quantitativo: um assassinato, que produziu um agravo à Lei de Deus e que deverá ser reparado. Os 300 anos transcorridos modificaram tanto aquele que cometeu o crime quanto aquele que o sofreu. E se a vítima já perdoou o seu assassino? E se o assassino vem, ao longo desse tempo, praticando atos caridosos? Será justo aplicar a lei do olho por olho e dente por dente? Aquele que matou deverá ser assassinado? O que acontece? Embora o assassino tenha que reparar o seu erro, pois ninguém fica imune diante da lei, a pena pode ser abrandada, em virtude de seus atos benevolentes.
6.3. PERDA DO DEDO E NÃO DO BRAÇO
Esta história foi retratada pelo Espírito Hilário Silva, no capítulo 20 do livro A Vida Escreve, psicografada por F. C. Xavier e Waldo Vieira, no qual descreve o fato de Saturnino Pereira que, ao perder o dedo junto à máquina de que era condutor, se fizera centro das atenções: como Saturnino, sendo espírita e benévolo para com todas as pessoas, pode perder o dedo? Parecia um fato que ia de encontro com a justiça divina. Contudo, à noite, em reunião íntima no Centro Espírita que freqüentava, o orientador espiritual revelou-lhe que numa encarnação passada havia triturado o braço do seu escravo num engenho rústico. O orientador espiritual assim lhe falou: "Por muito tempo, no Plano Espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. Por muito tempo, por muito tempo... E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o braço mais útil. Mas, você, Saturnino, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Você tem trabalhado, esmerando-se no dever... Regozije-se, meu amigo! Você está pagando, em amor, seu empenho à justiça..."
7. CONCLUSÃO
A prática da caridade tem valor científico, ou seja, ajuda-nos a reparar os danos que causamos à Lei Divina. Assim, se soubermos viver sóbrios e sem muitos agravos à Lei, certamente faremos uma passagem tranqüila ao outro plano de vida. 
8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
BOULDING, K. E. Princípios de Política Econômica. São Paulo, Meste Jou, 1967.BUZI, ARCÂNGELO R. A Identidade Humana: Modos de Realização. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2002.
EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro, FEB, 1995.
XAVIER, F. C. Ação e Reação, pelo Espírito André Luiz. 5. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1976.
XAVIER, F. C., VIEIRA, W. A Vida Escreve, pelo Espírito Hilário Silva. 3. ed., Rio de Janeiro, FEB, 1978.
São Paulo, 03/03/2003

Carma e Lei de Ação e Reação

Carma é uma palavra sânscrita que significa "fazer", "ser", "agir". Pode-se dizer que é o somatório dos méritos e dos deméritos de cada indivíduo. Ao lado do carma individual, fala-se, também, do carma coletivo, ou seja, há uma espécie de compensação, tanto individual como coletiva, de todos os seres da humanidade.

A Lei do carma é muito mais uma lei de reação do que de ação. Vivemos envoltos com o que fomos no passado. Daquilo que fizemos, segue o que recolheremos.

A Lei de ação e reação, esboçada com o auxílio da Doutrina Espírita, é bem diferente da Lei do Carma: faz-nos refletir sobre o tempo.

Observe uma ação má realizada há 100 anos. Na época atual, ela terá outro peso e outra medida. Nesse sentido, tanto mudam o Espírito obsessor quanto nós mesmos. De modo que raciocinar em termos de lei de talião - olho por olho, dente por dente - não é recomendável. O melhor é pensar que cada boa ação no presente está modificando para melhor a má ação do passado.

Em outros termos, estamos modificando a causa.

Um exemplo clássico no meio espírita é a história retratada pelo Espírito Hilário Silva, no capítulo 20 do livro A Vida Escreve, psicografada por F. C. Xavier e Waldo Vieira, no qual descreve o fato de Saturnino Pereira que, ao perder o dedo junto à máquina de que era condutor, se fizera centro das atenções: como Saturnino, sendo espírita e benévolo para com todas as pessoas, pode perder o dedo? Parecia um fato que ia de encontro com a justiça divina. Contudo, à noite, em reunião íntima no Centro Espírita que freqüentava, o orientador espiritual revelou-lhe que numa encarnação passada havia triturado o braço do seu escravo num engenho rústico. O orientador espiritual assim lhe falou: "Por muito tempo, no Plano Espiritual, você andou perturbado, contemplando mentalmente o caldo de cana enrubescido pelo sangue da vítima, cujos gritos lhe ecoavam no coração. Por muito tempo, por muito tempo... E você implorou existência humilde em que viesse a perder no trabalho o braço mais útil. Mas, você, Saturnino, desde a primeira mocidade, ao conhecer a Doutrina Espírita, tem os pés no caminho do bem aos outros. Você tem trabalhado, esmerando-se no dever... Regozije-se, meu amigo! Você está pagando, em amor, seu empenho à justiça..."
(Org. por Sérgio Biagi Gregório)
<28/03/2012>

As boas ações de Anália Franco

" A verdadeira caridade não é acolher o desprotegido, mas promover-lhe a capacidade de se libertar". Essa frase é de ANÁLIA FRANCO, que foi uma professora, jornalista, poetisa e filantropa com uma alma bondosa que muito fez pelas crianças pobres e órfãs. Ela saiu de Resende no Rio de Janeiro e na capital paulista veio trazer o seu amor e caridade aos necessitados. E fundou uma instituição de ajuda as mulheres, na Zona Leste.  Em sua obra assistencial nota-se mais de setenta escolas e mais de vinte casas para crianças órfãs. E o nosso companheiro Fábio Sper Fadel, palestrante e instrutor do 1º Ano do Cursos de Educação Mediúnica do Centro Espírita Ismael,  nos brinda com o perfil / biografia desta mulher, um nome importante nos Vultos do Espiritismo:

Anália Franco -   Filha do Sr. Antônio Mariano Franco Júnior e de Dona Teresa Franco, Anália Emília Franco, nasceu em 1˚ de fevereiro de 1853 em Resende no estado do Rio de Janeiro, por ocasião identificada como Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Resende. Após consorciar- se em matrimônio com Francisco Antônio Bastos, seu nome passou a ser Anália Franco Bastos.

As dificuldades das mulheres -  A época em que viveu as mulheres eram preparadas para atividades do lar e para a maternidade, nesse contexto Anália foi revolucionária pois tornou-se empresária, empreendedora, escritora, jornalista, educadora, teatróloga, literata, feminista, republicana, abolicionista e espírita, em um tempo onde o domínio clerical dificultava até aos homens professar sua convicção nos ensinamentos trazidos pelos espíritos e codificados por Allan Kardec.

Aos mais necessitados -  A lei do ventre livre fazia com que os filhos dos escravos nascessem livres, porém, essas crianças não interessavam aos fazendeiros que as expulsavam de suas propriedades por não poderem produzir.  Não eram, como até então, negociáveis, com seus pais e os adquirentes de cativos davam preferências às escravas que não tinham filhos no ventre. Anália trocou seu cargo na capital de São Paulo por outro no interior, a fim de socorrer as criancinhas necessitadas. Num bairro duma cidade no norte do Estado de São Paulo, conseguiu uma casa para instalar uma escola primária. Uma fazendeira rica lhe cedeu a casa escolar com uma condição, que foi frontalmente repelida por Anália: não deveria haver promiscuidade de crianças brancas e negras. Diante dessa condição humilhante foi recusada a gratuidade do uso da casa, passando a pagar um aluguel. A fazendeira guardou ressentimento à altivez da professora, porém, naquele local, Anália inaugurou a sua primeira e original Casa Maternal. Começou a receber todas as crianças que lhe batiam à porta, levadas por parentes ou apanhadas nas moitas e desvios dos caminhos. A fazendeira, abusando do prestígio político do marido, resolveu acabar com aquele escândalo na sua fazenda. Promoveu diligências junto ao coronel e este conseguiu facilmente a remoção da professora. Anália foi para a cidade e alugou uma casa velha, pagando do seu bolso o aluguel correspondente à metade do seu ordenado. Como o restante era insuficiente para a alimentação das crianças, não trepidou em ir pessoalmente, pedir esmolas para a meninada. Partiu de manhã, à pé, levando consigo o grupinho escuro que ela chamava, em seus escritos, de "meus alunos sem mães". Numa folha local anunciou que, ao lado da escola pública, havia um pequeno "abrigo" para as crianças desamparadas. Moça e magra, modesta e altiva, aquela impressionante figura de mulher, que mendigava para filhos de escravas, tornou- se um escândalo. Era uma mulher perigosa, na opinião de muitos. Porém, rugiu a seu favor um grupo de abolicionistas e republicanos, contra o grande grupo de católicos, escravocratas e monarquistas.

Com o decorrer do tempo, deixando algumas escolas maternais no Interior, foi para S. Paulo. Lá entrou brilhantemente para o grupo abolicionista e republicano. Sua missão, porém, não era política. Sua preocupação maior era com as crianças desamparadas, o que a levou a fundar, em 1898, uma revista própria, intitulada "Álbum das Meninas". O artigo de fundo, do primeiro número, tinha o título "Às mães e educadoras". Seu prestígio no seio do professorado já era grande quando surgiram a abolição da escravatura e a República. O advento dessa nova era encontrou Anália com dois grandes colégios gratuitos para meninas e meninos. E logo que as leis o permitiram, ela, secundada por vinte senhoras amigas, fundou o Instituto Educacional que se denominou "Associação Feminina Beneficente e Instrutiva", no ano de 1901 em S. Paulo.

Em seguida criou várias "Escolas Maternais" e "Escolas Elementares", e em 1902, o "Liceu Feminino", com o curso de dois anos para as professoras de "Escolas Maternais" e de três anos para as "Escolas Elementares".

Grande obra -  Anália Franco publicou numerosos folhetos e opúsculos referentes aos cursos ministrados em suas escolas, tratados especiais sobre a infância, nos quais as professoras encontraram meios de desenvolver as faculdades afetivas e morais das crianças, instruindo-as ao mesmo tempo. O seu opúsculo "O Novo Manual Educativo", era dividido em três partes: Infância, Adolescência e Juventude.

Em 1˚. de dezembro de 1903, passou a publicar a revista mensal "A Voz Maternal".

Anália Franco mantinha Escolas e Creches na capital e no interior, além de bibliotecas, maternais, cursos profissionalizantes, etc., totalizando 37 instituições.

Escreveu uma infinidade de livretos para a educação das crianças e para as Escolas, os quais são dignos de serem adotados nas Escolas públicas.
Era espírita fervorosa, revelando sempre inusitado interesse pelas coisas atinentes à Doutrina Espírita.

Em 1911 conseguiu, sem qualquer recurso financeiro, adquirir a "Chácara Paraíso", na qual fundou a "Colônia Regeneradora D. Romualdo", internando ali sob direção feminina, os garotos mais aptos para a Lavoura, a horticultura e outras atividades agropastoris, recolhendo ainda moças desviadas, conseguindo assim regenerar centenas de mulheres.

A vasta sementeira de Anália Franco consistiu em 71 Escolas, 2 albergues, 1 colônia regeneradora para mulheres, 23 asilos para crianças órfãs, 1 Banda Musical Feminina, 1 orquestra, 1 Grupo Dramático, além de oficinas para manufatura de chapéus, flores artificiais, etc., em 24 cidades do Interior e da Capital.

Anália morreu com 66 anos no dia 20 de janeiro de 1919. Sua desencarnação ocorreu precisamente quando havia tomado a deliberação de ir ao Rio de Janeiro fundar mais uma instituição, idéia essa concretizada posteriormente pelo seu esposo, que ali fundou o "Asilo Anália Franco".

A obra de Anália Franco foi, incontestavelmente, uma das mais salientes e meritórias da História do Espiritismo.

(24/03/2012)





O que é a alma?

Iniciamos agora a publicação de artigos com enfoque da Doutrina Espírita da produção de Sérgio Biagi Gregório, presidente do Centro Espírita Ismael, e que é um profundo estudioso dos temas. O autor tem mais de 200 textos - ver também o site http://www.ceismael.com.br --, produzidos ao longo de vários anos, que iremos apresentá-los. São assuntos de grande importância para que possamos rever os nossos conceitos e aprendizado. Ao mesmo tempo que serão úteis aos alunos nos Cursos de Educação Mediúnica. Lembramos que esses textos são referências em reportagens e palestras.  Em breve poderemos também apresentar artigos de outros companheiros de nossa Casa. Inclusive, agradecemos as colaborações e sugestões.

A ALMA E A IMORTALIDADE
por Sérgio Biagi Gregório
1. INTRODUÇÃO

Tudo acaba com a morte ou existe algo que sobrevive à decomposição do corpo físico? Se existe, para onde vai? Qual o seu destino? Para responder a essas questões, dividimos este estudo em três tópicos, que são: a alma, a morte e a vida futura.

2. CONCEITO

Alma  - Imortalidade

3. HISTÓRICO

Não se sabe exatamente quando entrou no espírito do homem a idéia de sobrevivência depois da morte. No período paleolítico (2.500.000 a.C a 12.000 a.C.) não há prova de sua existência. Somente a partir do período neolítico (12.000 a.C. a 4.000 a.C.) é que se encontram vestígios, principalmente pelos ornamentos, armas e alimentos deixados perto dos mortos.
No antigo Egito, a convicção da existência de uma vida futura era categórica, principalmente para os que eram embalsamados. Na índia, desenvolveu-se a doutrina da metempsicose, a possibilidade da alma voltar num corpo de animal. O Budismo ofereceu socorro com sua esperança no Nirvana. Na Pérsia, o mazdeísmo proclamou, desde 3.º século a.C., a doutrina da ressurreição. A concepção da ressurreição apresenta-se pela primeira vez, na literatura judaica, no livro de Daniel, escrito cerca de 165 a.C.
Os argumentos de Sócrates e de Platão, tão difundidos no âmbito da filosofia, não foram os primeiros; apenas mostraram a tendência crítica de dar base racional a uma idéia admitida por muitos.
Grande parte do êxito do cristianismo foi sem dúvida a crença na vida futura, que oferecia salvação a todos os homens, independentemente de cor, sexo ou posição social.
Na época do Renascimento e do desenvolvimento das ciências naturais, começaram a exprimir-se dúvida quanto à idéia da imortalidade da alma.
Hoje convivemos com essas duas crenças: de um lado o materialismo que nega a existência da alma após a morte e do outro o espiritualismo que a corrobora. (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira)

4. ALMA
Allan Kardec analisa o termo sob três aspectos:

4.1. ALMA PARA OS MATERIALISTAS

"Segundo uns, a alma é o princípio da vida orgânica material; não tem existência própria e se extingue com a vida: é o puro materialismo. Neste sentido, e por comparação, dizem de um instrumento quebrado, que não produz mais som, que ele não tem alma. De acordo com esta opinião, a alma seria um efeito e não uma causa". (Kardec, 1995, p. 16)

4.2. A ALMA PARA OS PANTEÍSTAS

"Outros pensam que a alma é o princípio da inteligência, agente universal de que cada ser absorve uma porção. Segundo estes, não haveria em todo o Universo senão uma única alma, distribuindo fagulhas para os diversos seres inteligentes durante a vida; após a morte, cada fagulha volta à fonte comum, confundindo-se no todo, como os córregos e os rios retornam ao mar de onde saíram". (Kardec, 1995, p. 16)

4.3. A ALMA PARA OS ESPIRITUALISTAS

"Segundo outros, enfim, a alma é um ser moral, distinto, independente da matéria e que conserva a sua individualidade após a morte. Esta concepção é incontestavelmente a mais comum, porque sob um nome ou outro a idéia desse ser que sobrevive ao corpo se encontra em estado de crença instintiva, e independente de qualquer ensinamento, entre todos os povos, qualquer que seja os eu grau de civilização. Essa doutrina, para qual a alma é causa e não efeito, é dos espiritualistas". (Kardec, 1995, p. 16)
Haveria necessidade de três palavras diferentes para expressar cada uma das idéias.
Assim, Allan Kardec acha que o mais lógico é tomá-la na sua significação mais vulgar, e por isso chamamos alma ao ser imaterial e individual que existe em nós e sobrevive ao corpo.

5. MORTE

5.1. EXPERIÊNCIA UNIVERSAL

A morte é uma experiência universal. Todo o ser humano nasce, cresce, luta, sonha, traça planos, constrói para o futuro para, finalmente, ceder à morte. Para muitos é uma hora de tristeza, de melancolia; para outros, é como um alívio pelo cumprimento dos pesados deveres de sua existência. As diversas culturas e religiões dão suas contribuições para a compreensão do tema. O Dr. Frank Mahoney, professor de Antropologia da Universidade do Havaí, por exemplo, mostrou a diferença entre a cultura americana e a da sociedade Micronésia, a dos Trukeses. Enquanto os americanos negam a morte e o envelhecimento; os habitantes das ilhas Truk (Pacífico) ratificam-na. Em termos religiosos, o Hinduismo afirma que a alma ou essência espiritual (atman) do indivíduo é eterna: o Budismo, que a vida depois da morte é um problema sobre o qual nada pode ser dito; o Catolicismo, que a vida depois da morte está inserida na crença de um Céu, de um Inferno e de um Purgatório.

5.2. QUESTÕES PARA REFLEXÃO

Quem deixa quem: é o Espírito que deixa o corpo ou o corpo que deixa o Espírito? É doloroso o instante da morte? A morte do homem justo difere da do injusto? Deve-se cremar o cadáver ou enterrá-lo naturalmente? O que leva uma pessoa temer a morte? Por que o Espírita não deve temer a morte?

5.3. O TEMOR DA MORTE

Allan Kardec, no livro O Céu e o Inferno, trata exaustivamente do problema da morte. Diz-nos que o temor da morte decorre da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total. Segundo o seu ponto de vista, o espírita não teme a morte, porque a vida deixa de ser uma hipótese para ser realidade. Ou seja, continuamos individualizados e sujeitos ao progresso, mesmo na ausência da vestimenta física.

6. VIDA FUTURA

Baseando-nos nas concepções de alma dada por Allan Kardec, podemos esperar as seguintes perspectivas para a vida futura:

6.1. O NADA

O Niilismo - do lat. nihil, nada, fruto da doutrina materialista - significa ausência de toda a crença. Como a matéria é a única fonte do ser, a morte é considerada o fim de tudo. Os adeptos do materialismo incentivam o gozo dos bens materiais, dizendo que quanto mais usufruirmos deles, mais felizes seremos. Como se vê, a conseqüência do niilismo é a corrida em busca do dinheiro, da projeção social e do bem-estar material.

6.2. ABSORÇÃO NO TODO

O Panteísmo – do grego pan, o todo, e Theos, Deus – significa absorção no todo. De acordo com essa doutrina, o Espírito, ao encarnar, é extraído do todo universal; individualiza-se em cada ser durante a vida e volta, por efeito da morte, à massa comum. As conseqüências morais dessa doutrina são semelhantes às do materialismo, pois ir para o todo, sem individualidade e sem consciência de si, é como não existir.

6.3. CÉU E INFERNO

O Dogmatismo Religioso afirma que a alma, independente da matéria, é criada por ocasião do nascimento do ser; sobrevive e conserva a individualidade após a morte. A sua sorte já está determinada: os que morreram em "pecado" irão para o fogo eterno; os justos, para o céu, gozar as delícias do paraíso. Essa visão deixa sem respostas uma série de anomalias que acompanham a humanidade, como, por exemplo, os aleijões e a idiotia.

6.4. PROGRESSO ININTERRUPTO DO ESPÍRITO

Para o Espiritismo, a vida espiritual é a vida normal; a vida corpórea é uma fase temporária em que o Espírito se reveste de um envoltório material e de que se despe por ocasião da morte. O Espiritismo mostra-nos que o Espírito, independente da matéria, foi criado simples e ignorante. Todos partiram do mesmo ponto, sujeitos à lei do progresso. Aqueles que praticam o bem evoluem mais rapidamente e fazem parte da legião dos "anjos", dos "arcanjos" e dos "querubins". Os que praticam o mal recebem novas oportunidades de melhoria, através das inúmeras encarnações. Importa salientar que uma vez no mundo dos Espíritos, eles continuam com sua individualidade, sujeita a um ininterrupto progresso.

7. CONCLUSÃO

A imortalidade da alma é um fato concreto. Cabe-nos, assim, com o auxílio das explicações racionais e convincentes do Espiritismo, pautar a nossa vida segundo os ensinamentos morais deixados por Jesus.

8. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. 8. ed. São Paulo: Feesp, 1995.
KARDEC, A. Obras Póstumas. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975.
GRANDE ENCICLOPÉDIA PORTUGUESA E BRASILEIRA. Lisboa/Rio de Janeiro: Editorial Enciclopédia
- Sob a forma negativa (prefixo negativo – i), o termo exprime a noção essencialmente positiva, de vida-sem-fim, daquilo que não é submetido à morte. Excetuando-se o seu uso metafórico, a imortalidade é antes de tudo uma hipótese metafísica – de origem religiosa –, que concerne à alma, sustentada pelo conjunto da filosofia espiritualista desde a antiguidade. – Do latim anima, semelhante à palavra grega anemos (vento) significa ser imaterial e individual que em nós reside e sobrevive ao corpo. Para o Espiritismo, a alma é um Espírito encarnado, sendo o corpo o seu envoltório.

(24/03/2012)

O perfil de Yvonne do Amaral Pereira

O nosso companheiro Fábio Sper Fadel dá sequência às biografias/perfis de vultos do Espiritismo. Desta vez, ele reservou o perfil de Yvonne do Amaral Pereira, que foi uma das mais respeitadas médiuns e autora de diversos livros psicografados.  Ela teve uma forte atuação por vários anos à desobsessão e à homeopatia. Um de seus grandes seguidores e estudioso é Pedro Camilo, com alguns livros sobre a médium, e que esteve no final do ano passado aqui no Centro Espírita Ismael – o video de sua palestra encontra-se no You Tube, em duas partes: http://www.youtube.com/watch?v=dOdJxPzBd_s


Uma infância diferente -  Yvonne do Amaral Pereira nasceu em 1900 na antiga Vila de Santa Tereza de Valença, hoje Rio das Flores, sul do estado do Rio de Janeiro. Aos 29 dias de nascida, depois de um acesso sufocação, foi tida como morta (catalepsia ou morte aparente). Na verdade, o fenômeno foi fruto dos muitos complexos que carregava no espírito, já que, na última existência terrestre, morrera afogada por suicídio. Durante 6 horas permaneceu nesse estado e, portanto, o velório foi preparado. A mãe se retirou a um aposento, onde fez uma sincera e fervorosa prece a Maria de Nazaré, pedindo para que a situação fosse definida, pois, não acreditava que a filha estivesse morta. Instantes depois, a criança acordava chorando. O funeral foi cancelado e a vida seguiu seu curso normal. Aos 4 anos já se comunicava com os espíritos, aos quais considerava pessoas normais encarnadas. Duas entidades eram particularmente caras: o espírito Charles, que em uma encarnação passada havia sido seu pai , e que tornou-se seu orientador durante toda a sua vida e atividade mediúnica; e o Espírito Roberto de Canalejas, que foi médico espanhol em meados do século XIX, com quem tinha ligações espirituais de longa data. Mais tarde, na vida adulta, manteria contatos mediúnicos regulares com outras entidades como o Dr. Bezerra de Menezes, Camilo Castelo Branco, Frederic Chopin e outras. 

Um lar rico, de amor e caridade - O pai, generoso de coração, desinteressado dos bens materiais, entrou em falência por três vezes, pois favorecia os fregueses em prejuízo próprio. Mais tarde, tornou-se funcionário público, cargo que ocupou até sua desencarnação, em 1935. O lar sempre foi pobre o modesto, conheceu dificuldades inerentes ao seu estado social, o que, segundo ela, a beneficiou muito, pois bem cedo desprendeu-se das vaidades mundanas e compreendeu as necessidades do próximo. O exemplo de conduta dos pais teve influência capital no futuro comportamento da médium. Era comum albergar na casa pessoas necessitadas e mendigos.
Estudou apenas o curso primário, por motivos econômicos, o que representou uma grande provação para ela, pois amava o estudo e a leitura. Mas, por conta própria, leu obras de grandes autores como Goethe, José de Alencar, Alexandre Herculano, Arthur Conan Doyle e outros. Foi também uma estudiosa do esperanto e trabalhou arduamente na sua propaganda e difusão, através de correspondência que mantinha com outros esperantistas, tanto no Brasil, quanto no exterior. Desde cedo teve que trabalhar para o seu próprio sustento, e o fez com a costura, bordado, rendas, flores, etc... 
O livro espírita -  Aos 8 anos teve o primeiro contato com um livro espírita. Aos 12, o pai deu-lhe de presente "O Evangelho segundo o Espiritismo" e o "Livro dos Espíritos", que a acompanharam pelo resto da vida. Aos 13 anos começou a frequentar as sessões espíritas, que muito a encantavam, pois via os Espíritos comunicantes.


A Obra -  Embora desde 1926 tenha recebido numerosas obras por meio da psicografia, somente decidiu publicá-las na década de 1950, após muita insistência dos mentores espirituais. Dentre as mais conhecidas destacam-se:


Memórias de um Suicida – ditado iniciado em 1926 pelo espírito Camilo Castelo Branco, completado posteriormente pelo espírito Léon Denis. Constitui-se num libelo contra o suicídio, descrevendo em sua primeira parte, os sofrimentos experimentados pelos que atentaram contra a própria vida. Na segunda e na terceira partes focaliza os trabalhos de assistência e de preparação para uma nova encarnação. Esta obra é considerada um marco na bibliografia mediúnica brasileira e o melhor exame sobre o suicídio sob o ponto de vista doutrinário espírita.

Nas Telas do Infinito – apresenta duas novelas: uma pelo espírito Bezerra de Menezes e outra pelo espírito Camilo Castelo Branco.

Amor e Ódio – ditado pelo espírito Charles, enfoca o drama de um ex-aluno francês do Prof. Rivail (Allan Kardec), o artista Gaston de Saint-Pierre acusado de um crime que não cometera. Após grandes padecimentos, recebe os esclarecimentos elucidativos por meio de um exemplar de O Livro dos Espíritos, à época em que este foi lançado pelo Codificador.

A Tragédia de Santa Maria – ditado pelo espírito Bezerra de Menezes, ambientado em uma fazenda de café em Vassouras (RJ).

Ressurreição e Vida – ditado pelo espírito Leon Tolstoi, compreende seis contos e dois mini romances ambientados na Rússia dos czares.

Nas Voragens do Pecado

O Cavaleiro de Numiers - segundo volume da trilogia, mostra a encarnação da médium, ainda na França, na personalidade de Berth de Sourmeville.

O Drama da Bretanha – terceiro e último volume da trilogia, ilustra como a médium, agora como Andrea de Guzman, não consegue suportar os embates de sua expiação e se suicida por afogamento.

Dramas da Obsessão – ditada pelo espírito Bezerra de Menezes, compreende duas novelas abordando o tema obsessão.

Sublimação – apresenta dois contos ditados pelo espírito Charles (um ambientado na Pérsia e outro na Espanha) e três contos pelo espírito Leon Tolstoi (ambientados na Rússia).


Como escritora, publicou muitos artigos em jornais populares, produção atualmente desconhecida, que carece de um trabalho amplo de recuperação. São ainda da autora:

A Família Espírita
 

À Luz do Consolador - coletânea de artigos da médium na revista Reformador, originalmente entre a década de 1960 e a de 1980.


Cânticos do Coração - coletânea de artigos publicados no jornal Obreiros do Bem.
 

Contos Amigos


Devassando o Invisível – a autora, sob a supervisão de instrutores espirituais, desenvolve uma dezena de estudos sobre temas doutrinários, com base em fatos por ela observados e vividos no mundo espiritual.
 

Evangelho aos Simples


O Livro de Eneida
 

Pontos Doutrinários – reúne crônicas publicadas na revista Reformador.
 
Recordações da Mediunidade – a autora discorre sobre reminiscências de vidas passadas, arquivos da alma, materializações, premonição e obsessão. 
A Lei de Deus
A Volta -  Nos primeiros dias de março do ano de 1984, Yvonne afirmara que não valeria a pena o trabalho de colocação de um marca-passo. Contudo, submeteu-se à cirurgia de emergência, à qual não resistiu, desencarnando. Retornou assim, ao Mundo Espiritual, uma das mais respeitáveis médiuns do Movimento Espírita Brasileiro, Yvonne do Amaral Pereira, às 22 horas do dia 9 de março daquele ano, após um longo período de atividades na causa espírita.

- primeiro volume de uma trilogia ditada pelo espírito Charles, relata a trágica história do massacre dos huguenotes na Noite de São Bartolomeu (23 de Agosto de 1572), durante uma encarnação anterior da médium na personalidade de Ruth-Carolina de la Chapelle.

O perfil do "Médico dos Pobres" - Parte 2/2 - Final

Dando continuidade, apresentamos a parte 2 / final  da biografia/perfil  de BEZERRA DE MENEZES, com a colaboração de nosso companheiro e instrutor do 1º ano do Curso de Educação Mediúnica, FÁBIO FADEL.   Lembramos ainda do filme/DVD "Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito" (de 2008 com 01 hora e 28 minutos), de Glauber Filho e Joe Pimentel, com o personagem interpretado pelo ator Carlos Vereza. O filme é muito interessante e revela a forte personalidade de Bezerra de Menezes. Esse vídeo pode ser encontrado em locadoras ou baixado na internet.

Perfil de Bezerra de Menezes – Parte 2/2 – final

(continuação)

O conciliador - No ano de 1883, reinava um ambiente francamente dispersivo no seio do Espiritismo no Brasil, e os que dirigiam os núcleos espiritas do Rio de Janeiro sentiam a necessidade de uma união mais estreita e indestrutível. Os Centros Espíritas, onde se ministrava a Doutrina, trabalhavam de forma autônoma. Cada um deles exercia sua atividade em um determinado setor, despreocupado em conhecer as atividades dos demais. Esse estado de coisas levou-os a fundação da Federação Espirita Brasileira (FEB). Nessa época, já existiam muitas sociedades espiritas, porem as únicas que mantinham a hegemonia eram quatro: a Acadêmica, a Fraternidade, a União Espirita do Brasil e a Federação Espirita Brasileira. Entretanto, logo surgiram entre elas rivalidades e discórdias. Sob os auspícios de Bezerra de Menezes, e acatando importantes instruções, dadas por Allan Kardec, através do médium Frederico Júnior, foi fundado o famoso Centro Espirita porem nem por isso deixava Bezerra de dar a sua cooperação a todas as outras instituições.

O entusiasmo dos espíritas logo se arrefeceu, e o velho seareiro se viu desamparado dos seus companheiros, chegando a ser o único freqüentador do Centro. A cisão era profunda entre os chamados "místicos" e "científicos", ou seja, espíritas que aceitavam o Espiritismo em seu aspecto religioso, e os que o aceitavam simplesmente pelo lado científico e filosófico. Em 1893, a convulsão provocada no Brasil pela Revolta da Armada, ocasionou o fechamento de todas as sociedades espíritas ou não. No Natal do mesmo ano Bezerra encerrou a série de "Estudos Filosóficos" que vinha publicando no "O Paiz". Em 1894, o ambiente demonstrou tendências de melhora e o nome de Bezerra foi lembrado como o único capaz de unificar a família espírita. O infatigável batalhador, com 63 anos de idade, assumiu a presidência da Federação Espirita Brasileira.

A volta - Iniciava- se o ano de 1900, e Bezerra de Menezes foi acometido de violento ataque de congestão cerebral, que o prostrou no leito, de onde não mais se levantaria. Verdadeira romaria de visitantes acorria à sua casa. Ora o rico, ora o pobre, ora o opulento, ora o que nada possuía. Ninguém desconhecia a luta tremenda em que se debatia a família do grande apóstolo do Espiritismo. Todos conheciam suas dificuldades financeiras, mas ninguém teria a coragem de oferecer fosse o que fosse, de forma direta. Por isso, os visitantes depositavam suas contribuições, delicadamente, debaixo do seu travesseiro. No dia seguinte, a pessoa que lhe foi mudar as fronhas, surpreendeu- se por ver ali desde o tostão do pobre até a nota de duzentos mil reis do abastado!...

Desencarnou em 11 de abril de 1900. Ocorrida a sua desencarnação, verdadeira peregrinação demandou sua residência a fim de prestar-lhe a última visita. O médium Francisco Cândido Xavier perguntou ao Doutor Bezerra de Menezes qual havia sido a sua maior felicidade ao chegar no mundo espiritual, veja a resposta.

"- A minha maior felicidade, meu filho, foi quando Celina, a mensageira de Maria Santíssima, se aproximou do leito em que eu ainda estava dormindo e tocando-me falou suavemente:

-Bezerra, acorde, Bezerra!

Abri os olhos e vi-a bela e radiosa.

Minha filha, é você Celina?!!!!

-Sim, sou eu, meu amigo. A Mãe de Jesus pediu-me que lhe dissesse que você já se encontra na Vida Maior, havendo ultrapassado a porta da imortalidade. Agora Bezerra, desperte feliz.

Chegaram os meus familiares, os companheiros queridos das hostes espíritas que vinham saudar. Mas eu ouvia um murmúrio, que me parecia vir de fora. Então Celina me disse:

-Venha ver, Bezerra!!!

Ajudando-me a erguer no leito, amparou-me até uma sacada, e eu vi meu filho, uma multidão que me acenava, com ternura e lágrima nos olhos.

- Quem são Celina? – perguntei-lhe – não conheço ninguém. Quem são?

-São aqueles espíritos atormentados, que chegavam às sessões mediúnicas e a sua palavra caiu sobre eles como um bálsamo numa ferida em chaga viva; são os esquecidos da Terra, os destroçados do mundo, a quem você estimulou e guiou. São eles, que o veem saudar no pórtico da eternidade....

E o Doutor Bezerra concluiu:

-A felicidade sem limites existe, meu filho, como decorrência do bem que fazemos, das lágrimas que enxugamos, das palavras que semeamos no caminho, para atapetar a senda que um dia percorremos".

No ano de 1950, em um recinto no Mundo Maior há uma reunião especial, aproximadamente cinco mil espíritos, entre encarnados e desencarnados estão convidados a participar de uma homenagem especial a um apóstolo de Jesus que trabalha nas sombras da Terra. A reunião é grandiosa. Aquele público imenso que repleta o anfiteatro, que tem a forma greco-romana do passado, está ansioso, quando um coral de duzentas vozes infantis começa a entoar o "Aleluia" de Hendel. Adentra-se acompanhado de entidades venerandas, Doutor Bezerra de Menezes em uma indumentária modesta, que faz recordar o linho Belga usado na Terra. A indumentária de tonalidade pérola, a mão direita apoiada na gola do paletó, a cabeça que se move negativamente como a dizer que não merecia tudo aquilo. Começava a reunião que homenageava Bezerra pelos 50 anos de atividades nas terras brasileiras, León Denis é convidado a saudá-lo em nome dos espíritas internacionais e Vianna de Carvalho em nome dos espíritas da pátria do cruzeiro, nesta ordem, cada um sobe à tribuna e fazem exortações a respeito do homenageado.

Logo depois que Vianna de Carvalho encerra, abre-se aquele horizonte infinito do espaço e um jato de luz tomba sobre a multidão. Aparece o ser espiritual superior jovem, Celina, a mensageira de Maria, a mãe de Jesus, que abre um livro imenso de luzes e lê para todos, emocionados:

- Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, a mãe de Jesus manda convidar-te para que saias das sombras do planeta terrestre. Ela te oferece no sistema solar qualquer um dos astros onde queiras reencarnar. Ela concedeu do Filho a permissão para franquear-te noutra esfera, se necessário fora do sistema solar, a oportunidade de crescer de maneira com a misericórdia de Deus, nos rumos do insondável na busca da perfeição.

- Tenho a tarefa de apresentar-te a proposta da Senhora, e levar-Lhe o resultado, depois de ouvir-te.

Bezerra levanta-se, a multidão está impactada, ele abaixa a cabeça e, com voz embargada ao erguer a fronte diz:

- Celina, minha filha, eu não mereço nada disso! Se eu merecesse alguma coisa, se alguma coisa me fosse lícito pedir; se houvesse em mim qualquer atributo que justificasse uma solicitação, eu te pediria levares à Senhora o meu requerimento pedindo misericórdia para as minhas imperfeições e se me fosse lícito pedir algo mais, eu pediria à Maria, a Santíssima, que me facultasse a honra de continuar nas sombras do país verde e amarelo atendendo aos infelizes, e que, ela não me permitir a graça de nunca sorrir enquanto alguém estiver chorando, e que eu não tenha o direito de ser feliz enquanto os meus irmãos do Brasil estejam angustiados. Então intercede tu, minha filha, junto à nossa Mãe para que ela me permita a caridade de permanecer nas terras do cruzeiro até o momento em que o país saia das sombras.

Celina retorna, as vozes infantis erguem-se, as músicas sucedem-se e, de repente, no céu coruscante de estrelas, uma mão empunhando uma pluma antiga escreve:

- Dr. Adolfo Bezerra de Menezes, o teu requerimento dirigida à Senhora foi deferido. Ficarás nas terras verde-amarelas do Brasil, nas sombras do planeta, atendendo a dor até o ano 2000, quando terás brindado cem anos de abnegação, de renúncia, de doação total.

O estudante de matemática - Digno de registro foi um caso sucedido com o Dr. Bezerra de Menezes, quando ainda era estudante de Medicina. Ele estava em sérias dificuldades financeiras, precisando da quantia de cinquenta mil réis (antiga moeda brasileira), para pagamento das taxas da Faculdade e para outros gastos indispensáveis em sua habitação, pois o senhorio, sem qualquer contemplação, ameaçava despejá-lo. Desesperado - uma das raras vezes em que Bezerra se desesperou na vida - e como não fosse incrédulo, ergueu os olhos ao Alto e apelou a Deus.

Poucos dias após bateram- lhe à porta. Era um moço simpático e de atitudes polidas que pretendia tratar algumas aulas de Matemática. Bezerra recusou, a princípio, alegando ser essa matéria a que mais detestava, entretanto, o visitante insistiu e por fim, lembrando-se de sua situação desesperadora, resolveu aceitar. O moço pretextou então que poderia esbanjar a mesada recebida do pai, pediu licença para efetuar o pagamento de todas as aulas adiantadamente. Após alguma relutância, convencido, acedeu. O moço entregou- lhe então a quantia de cinquenta mil réis. Combinado o dia e a hora para o início das aulas, o visitante despediu-se, deixando Bezerra muito feliz, pois conseguiu assim pagar o aluguel e as taxas da Faculdade. Procurou livros na biblioteca pública para se preparar na matéria, mas o rapaz nunca mais apareceu.

No ano de 1894, em face das dissensões reinantes no seio do Espiritismo brasileiro, alguns confrades, tendo à frente o Dr. Bittencourt Sampaio, resolveram convidar Bezerra a fim de assumir a presidência da Federação Espírita Brasileira. Em vista da relutância dele em assumir aquele espinhoso encargo, travou- se a seguinte conversação:

- Querem que eu volte para a Federação. Como vocês sabem aquela velha sociedade está sem presidente e desorientada. Em vez de trabalhos metódicos sobre Espiritismo ou sobre o Evangelho, vive a discutir teses bizantinas e a alimentar o espírito de hegemonia.

- O trabalhador da vinha, disse Bittencourt Sampaio, é sempre amparado. A Federação pode estar errada na sua propaganda doutrinária, mas possui a Assistência aos Necessitados, que basta por si só para atrair sobre ela as simpatias dos servos do Senhor.

- De acordo. Mas a Assistência aos Necessitados está adotando exclusivamente a Homeopatia no tratamento dos enfermos, terapêutica que eu adoto em meu tratamento pessoal, no de minha família e recomendo aos meus amigos, sem ser, entretanto, médico homeopata. Isto, aliás, me tem criado sérias dificuldades, tornando- me um médico inútil e deslocado que não crê na medicina oficial e aconselha a dos Espíritos, não tendo assim o direito de exercer a profissão.

- E por que não te tornas médico homeopata? disse Bittencourt.

- Não entendo patavinas de Homeopatia. Uso a dos Espíritos e não a dos médicos.

Nessa altura, o médium Frederico Júnior, manifestando o Espírito de S. Agostinho, deu um aparte:

- Tanto melhor. Ajudar-te-emos com maior facilidade no tratamento dos nossos irmãos.

- Como, bondoso Espírito? Tu me sugeres viver do Espiritismo?

- Não, por certo! Viverás de tua profissão, dando ao teu cliente o fruto do teu saber humano, para isso estudando Homeopatia como te aconselhou nosso companheiro Bittencourt. Nós te ajudaremos de outro modo: Trazendo- te, quando precisares, novos discípulos de Matemática . . .

Aos cuidados de Jesus - Certa vez sua esposa foi procurá-lo pois sua filha estava muito doente, ao sair foi chamado por outra mulher, pedindo ajuda para o filho que também adoecera, disse que não pode deixar de atender a quem chama, de modo que entrega a filha a Jesus, e vai até o outro enfermo, ao retornar à casa esperava encontrar a filha morta, mas a doença passara completamente, conclui que Jesus é melhor médico que ele.

O anel de formatura - Ao atender uma mulher, prescreveu os remédios e lhe disse que poderia comprá-los ali mesmo, ao que esta respondeu que não tinha nem para dar o que comer, quanto mais comprar remédios, Bezerra procurou nos bolsos e nada encontrou, olhou em volta e nada viu, reparou então em seu anel de formatura, e deu-o, sem pestanejar.

O abraço - Um homem o procurou dizendo estar desempregado e doente, Bezerra olhou nos bolsos e nada encontrou, perguntou então se ele acreditava em Nossa Senhora, o que ele disse que sim, então lhe deu um abraço dizendo que era em nome dela, e disse para repetir o gesto em casa. Na semana seguinte voltou para agradecer, pois ficou curado e arranjara emprego.

(fim)

( Colaboração: Fabio Fadel – 13/03/2012)

 

 

Como vencer o estresse.

Destacamos um ensaio da Dra. Marlene Nobre, presidente da  Associação Médico-Espírita do Brasil e a Associação Médico-Espírita Internacional, publicado no "ESPIRITISMO NA REDE", coordenado por Marco Aurélio Rocha. É um tema atual, de nosso dia a dia, com projeções em nossa conduta moral e espírita. Essa tema "estresse" nos leva a algumas reflexões.
Como vencer o estresse  - por Dra. Marlene Nobre (*) --  O estresse é considerado pelo grande público como a repercussão negativa, no corpo físico, de uma situação psicologicamente agressiva. A primeira correção a ser feita é que o estresse engloba tudo: a ação dos fatores e a reação do organismo a eles. Corresponde ao complexo agressão-reação.

E nem sempre são somente fatores psicológicos que o desencadeiam, há também os físicos, como o frio e o calor exagerados, os infecciosos, etc.; os psicoemocionais, como a cólera, a raiva, etc.; e ainda os espirituais. E não são somente fatores tristes, como a morte de um ente querido, o desemprego, mas também os felizes, como o sucesso, a conquista, ou as alegrias de um reencontro.

Estresse é, pois, a resposta que o corpo dá a toda demanda que lhe é feita. Para evoluir, material e espiritualmente, o ser humano vive em estado de estresse permanente. Por isso mesmo, há tanto o mau quanto o bom estresse. Tudo depende da forma como reagimos aos estímulos e fatores que surgem por dentro de nós mesmos e repontam do mundo externo.

Considero o estudo do estresse de muita relevância, porque é o campo da medicina que reunifica corpo e alma.

E por que vivemos estressados?

O terceiro milênio é fruto do que as civilizações construíram ao longo dos séculos. Como as nações são o somatório dos seres humanos que as constituem, estamos diante do que nós mesmos criamos.

Individual e coletivamente somos, pois, responsáveis por nossos costumes e organização social. Creio que ninguém, em sã consciência, dirá que vivemos no mundo ideal. Muito pelo contrário. A violência, o desemprego, o culto ao supérfluo, o gozo de milhões em detrimento da miséria de bilhões, o gasto inútil do tempo, tudo isso e muito mais, indicam o desacerto em que temos andado.

Nesse mundo por nós criado, é preciso que comecemos, por nós mesmos, a exercitar as virtudes exemplificadas por Jesus. É impossível deixar de sofrer o impacto dos fatores negativos e reagir automaticamente a eles, mas podemos começar a treinar o bom estresse com o cultivo da paciência e da humildade.

E como devemos fazer isso?

Colocando mais fé em nossa vida. Agindo mais no campo da caridade. A prece ajuda muito na busca dos celeiros divinos, onde encontraremos toda a força para lutar pelo bem. Não devemos nos esquecer, porém, de que a fé sem obras é morta. Para desenvolvermos a espiritualidade, não basta a posição estática, é preciso agir na caridade, crescer em amor.

Há uma pergunta que sempre nos fazem: O estresse pode causar doenças, quais são as mais comuns? Muitas. Depressão, ansiedade, síndrome do pânico, para citar apenas algumas entre centenas delas.

Existe algum tipo de treinamento mental que pode auxiliar no combate ao estresse? Todos aqueles exercícios que ensinam a meditar, além de massagens, da acupuntura, são importantes. Lembro também que a terapêutica complementar espírita – passes, fluidoterapia, reuniões de estudo, etc. – são recursos importantes para a pacificação e transformação da alma.

Busquemos Deus nas horas alegres e nas difíceis, aumentemos a nossa fé.

Tudo passa, somente o bem permanecerá.
Perfil da Dra. Marlene Nobre  --  médica ginecologista aposentada, especialista em prevenção do câncer uterino. Viúva do político, advogado e professor universitário Freitas Nobre (cearense), ela trabalhou com Chico Xavier nas seções públicas da Comunhão Espírita Cristã, em Uberaba, Minas Gerais, entre os anos de 1959 e 1962. Preside também a Associação Médico-Espírita do Brasil e a Associação Médico-Espírita Internacional, é editora responsável pelo jornal Folha Espírita e diretora da Creche Lar do Alvorecer. Além disso, escreveu diversos livros, dentre eles "Lições de Sabedoria - entrevistas do médium Chico Xavier".
  

Nota do Editor:
O artigo e/ou texto acima é de inteira responsabilidade de seu comentarista/articulista e/ou autor. E as opiniões/críticas/conceitos/observações/citações aqui emitidas não refletem necessariamente a opinião da direção do Centro Espírita Ismael e/ou deste blog

(Espiritismo na Rede – 13/03/2012)

 

O perfil do "Médico dos Pobres" - Parte 1/2

O nosso companheiro e instrutor do 1º ano do Curso de Educação Mediúnica, FÁBIO FADEL, preparou uma longa biografia/perfil de mais um "vulto do Espiritismo". Desta vez,  BEZERRA DE MENEZES – que publicamos abaixo em duas partes. Lembramos ainda do filme/DVD "Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito" (de 2008 com 01 hora e 28 minutos), de Glauber Filho e Joe Pimentel, com o personagem interpretado pelo ator Carlos Vereza. O filme é muito interessante e revela a forte personalidade de Bezerra de Menezes. Esse vídeo pode ser encontrado em locadoras ou baixado na internet.

Perfil de Bezerra de Menezes – Parte 1/2

A infância -  Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti  nasceu na antiga Freguesia do Riacho do Sangue (hoje Jaguaretama), no Estado do Ceará, no dia 29 de agosto de 1831.  No ano de 1838 entrou para a escola pública da Vila do Frade, onde, em dez meses apenas, preparou-se, suficientemente, até onde dava os conhecimentos do professor que dirigia a primeira fase de sua educação. Muito cedo revelou a sua fulgurante inteligência, pois aos 11 anos de idade iniciava o curso de Humanidades e, aos 13 anos, conhecia tão bem o latim que ele próprio o ministrava aos seus companheiros, substituindo o professor da classe em seus impedimentos. Seu pai, o capitão das antigas milícias e tenente- coronel da Guarda Nacional, Antônio Bezerra de Menezes, homem severo, de honestidade a toda prova e de ilibado caráter, tinha bens de fortuna em fazendas de criação. Com a política, e por efeito do seu bom coração, que o levou a dar abonos de favor a parentes e amigos, que o procuravam para explorar- lhe os sentimentos de caridade, comprometeu aquela fortuna. Percebendo, porém, que seus débitos igualavam seus haveres, procurou os credores e lhes propôs entregar tudo o que possuía, o que era suficiente para integralizar a dívida. Os credores, todos seus amigos, recusaram a proposta, dizendo- lhe que pagasse como e quando quisesse.

O velho honrado insistiu; porém, não conseguiu demover os credores sobre essa resolução, por isso deliberou tornar- se mero administrador do que fora sua fortuna, não retirando dela senão o que fosse estritamente necessário para a manutenção da sua família, que assim passou da abastança às privações. Animado do firme propósito de orientar- se pelo caráter íntegro de seu pai, Bezerra de Menezes, com minguada quantia que seus parentes lhe deram, e animado do propósito de sobrepujar todos os óbices, partiu para o Rio de Janeiro a fim de seguir a carreira que sua vocação lhe inspirava: a Medicina.

 

O Médico - Em novembro de 1852, ingressou como praticante interno no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Doutorou- se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, defendendo a tese "Diagnóstico do Cancro". Nessa altura abandonou o último patronímico, passando a assinar apenas Adolfo Bezerra de Menezes. A 27 de abril de 1857, candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina, com a memória "Algumas Considerações sobre o Cancro encarado pelo lado do Tratamento". O parecer foi lido pelo relator designado, Acadêmico José Pereira Rego, a 11 de maio de 1857, tendo a eleição se efetuado a 18 de maio do mesmo ano e a posse a 1.o. de junho. Em 1858 candidatou- se a uma vaga de lente substituto da Secção de Cirurgia da Faculdade de Medicina. Por intercessão do mestre Manoel Feliciano Pereira de Carvalho, então Cirurgião- Mor do Exército, Bezerra de Menezes foi nomeado seu assistente, no posto de Cirurgião- Tenente.

Bezerra de Menezes tinha o encargo de medico como verdadeiro sacerdócio por isso, dizia: Um médico não tem o direito de terminar uma refeição, nem de escolher hora, nem de perguntar se é longe ou perto, quando um aflito qualquer lhe bate a porta. O que não acode por estar com visitas, por ter trabalhado muito e achar-se fatigado, ou por ser alta noite, mau o caminho ou o tempo, ficar longe ou no morro o que, sobretudo, pede um carro a quem não tem com que pagar a receita, ou diz a quem chora a porta que procure outro, esse não é médico, é negociante de medicina, que trabalha para recolher capital e juros dos gastos da formatura. Esse é um infeliz, que manda para outro o anjo da caridade que lhe veio fazer uma visita e lhe trazia a única esportula que podia saciar a sede de riqueza do seu Espirito, a única que jamais se perdera nos vais-e-vens da vida.

O Político - Eleito vereador municipal pelo Partido Liberal, em 1861, teve sua eleição impugnada pelo chefe conservador Haddock Lobo, sob a alegação de ser médico militar. Com o objetivo de servir o seu partido, que necessitava dele para ter maioria na Câmara, resolveu afastar-se do Exército. Em 1867, foi eleito Deputado Geral, tendo ainda figurado numa lista tríplice para uma carreira no Senado.

Quando político, levantaram-se contra ele, a exemplo do que sucede com todos os políticos honestos, rudes campanhas de injuria, cobrindo seu nome de impropérios entretanto, a prova da pureza de sua alma, deu-a, quando deliberou abandonar a vida publica e dedicar-se aos pobres, repartindo com os necessitados o pouco que possuía. Corria sempre ao casebre do pobre onde houvesse um mal a combater, levando ao aflito o conforto de sua palavra de bondade, o recurso da sua profissão de médico e o auxilio da sua bolsa minguada e generosa.

Afastado interinamente da atividade política, dedicou-se a empreendimentos empresariais criou a Companhia Estrada de Ferro Macaé/Campos, na então província do Rio de Janeiro. Posteriormente, empenhou-se na construção da via férrea de Santo Antônio de Pádua, pretendendo levá-la ate o Rio Doce, desejo que não conseguiu realizar. Foi um dos diretores da Companhia Arquitetônica que, em 1872 abriu o Boulevard 28 de Setembro, no então bairro de Vila Isabel. Em 1875, foi presidente da Companhia Carril de São Cristóvão. Voltando a política, foi eleito vereador em 1876, exercendo o mandato ate 1880. Foi ainda presidente da Câmara e Deputado Geral pela Província do Rio de Janeiro, no ano de 1880.

 

A conversão -  O Dr. Carlos Travassos havia empreendido a primeira tradução das obras de Allan Kardec e levara a bom termo a versão portuguesa de "O Livro dos Espíritos". Logo que esse livro saiu do prelo levou um exemplar ao deputado Bezerra de Menezes, entregando- o com dedicatória. O episódio foi descrito do seguinte modo pelo futuro Médico dos Pobres: "Deu-me na cidade e eu morava na Tijuca, à uma hora de viagem de bonde. Embarquei com o livro e, como não tinha distração para a longa viagem, disse comigo: Não hei de ir para o inferno por ler isto... Depois, é ridículo confessar- me ignorante desta filosofia, quando tenho estudado todas as escolas filosóficas. Pensando assim, abri o livro e prendi- me a ele, como acontecera com a Bíblia. Lia. Mas não encontrava nada que fosse novo para meu Espírito. Entretanto, tudo aquilo era novo para mim!... Eu já tinha lido ou ouvido tudo o que se achava no "O Livro dos Espíritos". Preocupei- me seriamente com este fato maravilhoso e a mim mesmo dizia: parece que eu era espírita inconsciente, ou, mesmo como se diz vulgarmente, de nascença".

Demonstrada a sua capacidade literária no terreno filosófico, que pelas réplicas, quer pelos estudos doutrinários, a Comissão de Propaganda da União Espírita do Brasil incumbiu Bezerra de Menezes de escrever, aos domingos, no O Paiz , tradicional órgão da imprensa brasileira, dirigido por Quintino Bocaiúva, uma série de artigos sob o título O Espiritismo - Estudos Filosóficos . Os artigos de Max, pseudônimo de Bezerra de Menezes, marcaram a época de ouro da propaganda espírita no Brasil. Esses artigos foram publicados, ininterruptamente, de 1886 a 1893.

Da bibliografia de Bezerra de Menezes, antes e após a sua conversão do Espiritismo, constam os seguintes trabalhos: "A Escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação", "Breves considerações sobre as secas do Norte", "A Casa Assombrada", "A Loucura sob Novo Prisma", "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica", "Casamento e Mortalha", "Pérola Negra", "Lázaro - o Leproso", "História de um Sonho", "Evangelho do Futuro". Escreveu ainda várias biografias de homens célebres, como o Visconde do Uruguai, o Visconde de Carvalas, etc. Foi um dos redatores de "A Reforma", órgão liberal da Corte, e redator do jornal "Sentinela da Liberdade".

No dia 16 de agosto de 1886, um auditório de cerca de duas mil pessoas da melhor sociedade enchia a sala de honra da Guarda Velha, na rua da Guarda Velha, atual Avenida 13 de Maio, no Rio de Janeiro, para ouvir em silêncio, emocionado, atônito, a palavra sábia do eminente político, do eminente médico, do eminente cidadão, do eminente católico, Dr. Bezerra de Menezes, que proclamava a sua decidida conversão ao Espiritismo.

( segue a biografia em outra nota/BlogCeismael )

 

(FabioFadel-13/03/2012-3a.feira)

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