As boas ações de Anália Franco

" A verdadeira caridade não é acolher o desprotegido, mas promover-lhe a capacidade de se libertar". Essa frase é de ANÁLIA FRANCO, que foi uma professora, jornalista, poetisa e filantropa com uma alma bondosa que muito fez pelas crianças pobres e órfãs. Ela saiu de Resende no Rio de Janeiro e na capital paulista veio trazer o seu amor e caridade aos necessitados. E fundou uma instituição de ajuda as mulheres, na Zona Leste.  Em sua obra assistencial nota-se mais de setenta escolas e mais de vinte casas para crianças órfãs. E o nosso companheiro Fábio Sper Fadel, palestrante e instrutor do 1º Ano do Cursos de Educação Mediúnica do Centro Espírita Ismael,  nos brinda com o perfil / biografia desta mulher, um nome importante nos Vultos do Espiritismo:

Anália Franco -   Filha do Sr. Antônio Mariano Franco Júnior e de Dona Teresa Franco, Anália Emília Franco, nasceu em 1˚ de fevereiro de 1853 em Resende no estado do Rio de Janeiro, por ocasião identificada como Freguesia de Nossa Senhora da Conceição de Resende. Após consorciar- se em matrimônio com Francisco Antônio Bastos, seu nome passou a ser Anália Franco Bastos.

As dificuldades das mulheres -  A época em que viveu as mulheres eram preparadas para atividades do lar e para a maternidade, nesse contexto Anália foi revolucionária pois tornou-se empresária, empreendedora, escritora, jornalista, educadora, teatróloga, literata, feminista, republicana, abolicionista e espírita, em um tempo onde o domínio clerical dificultava até aos homens professar sua convicção nos ensinamentos trazidos pelos espíritos e codificados por Allan Kardec.

Aos mais necessitados -  A lei do ventre livre fazia com que os filhos dos escravos nascessem livres, porém, essas crianças não interessavam aos fazendeiros que as expulsavam de suas propriedades por não poderem produzir.  Não eram, como até então, negociáveis, com seus pais e os adquirentes de cativos davam preferências às escravas que não tinham filhos no ventre. Anália trocou seu cargo na capital de São Paulo por outro no interior, a fim de socorrer as criancinhas necessitadas. Num bairro duma cidade no norte do Estado de São Paulo, conseguiu uma casa para instalar uma escola primária. Uma fazendeira rica lhe cedeu a casa escolar com uma condição, que foi frontalmente repelida por Anália: não deveria haver promiscuidade de crianças brancas e negras. Diante dessa condição humilhante foi recusada a gratuidade do uso da casa, passando a pagar um aluguel. A fazendeira guardou ressentimento à altivez da professora, porém, naquele local, Anália inaugurou a sua primeira e original Casa Maternal. Começou a receber todas as crianças que lhe batiam à porta, levadas por parentes ou apanhadas nas moitas e desvios dos caminhos. A fazendeira, abusando do prestígio político do marido, resolveu acabar com aquele escândalo na sua fazenda. Promoveu diligências junto ao coronel e este conseguiu facilmente a remoção da professora. Anália foi para a cidade e alugou uma casa velha, pagando do seu bolso o aluguel correspondente à metade do seu ordenado. Como o restante era insuficiente para a alimentação das crianças, não trepidou em ir pessoalmente, pedir esmolas para a meninada. Partiu de manhã, à pé, levando consigo o grupinho escuro que ela chamava, em seus escritos, de "meus alunos sem mães". Numa folha local anunciou que, ao lado da escola pública, havia um pequeno "abrigo" para as crianças desamparadas. Moça e magra, modesta e altiva, aquela impressionante figura de mulher, que mendigava para filhos de escravas, tornou- se um escândalo. Era uma mulher perigosa, na opinião de muitos. Porém, rugiu a seu favor um grupo de abolicionistas e republicanos, contra o grande grupo de católicos, escravocratas e monarquistas.

Com o decorrer do tempo, deixando algumas escolas maternais no Interior, foi para S. Paulo. Lá entrou brilhantemente para o grupo abolicionista e republicano. Sua missão, porém, não era política. Sua preocupação maior era com as crianças desamparadas, o que a levou a fundar, em 1898, uma revista própria, intitulada "Álbum das Meninas". O artigo de fundo, do primeiro número, tinha o título "Às mães e educadoras". Seu prestígio no seio do professorado já era grande quando surgiram a abolição da escravatura e a República. O advento dessa nova era encontrou Anália com dois grandes colégios gratuitos para meninas e meninos. E logo que as leis o permitiram, ela, secundada por vinte senhoras amigas, fundou o Instituto Educacional que se denominou "Associação Feminina Beneficente e Instrutiva", no ano de 1901 em S. Paulo.

Em seguida criou várias "Escolas Maternais" e "Escolas Elementares", e em 1902, o "Liceu Feminino", com o curso de dois anos para as professoras de "Escolas Maternais" e de três anos para as "Escolas Elementares".

Grande obra -  Anália Franco publicou numerosos folhetos e opúsculos referentes aos cursos ministrados em suas escolas, tratados especiais sobre a infância, nos quais as professoras encontraram meios de desenvolver as faculdades afetivas e morais das crianças, instruindo-as ao mesmo tempo. O seu opúsculo "O Novo Manual Educativo", era dividido em três partes: Infância, Adolescência e Juventude.

Em 1˚. de dezembro de 1903, passou a publicar a revista mensal "A Voz Maternal".

Anália Franco mantinha Escolas e Creches na capital e no interior, além de bibliotecas, maternais, cursos profissionalizantes, etc., totalizando 37 instituições.

Escreveu uma infinidade de livretos para a educação das crianças e para as Escolas, os quais são dignos de serem adotados nas Escolas públicas.
Era espírita fervorosa, revelando sempre inusitado interesse pelas coisas atinentes à Doutrina Espírita.

Em 1911 conseguiu, sem qualquer recurso financeiro, adquirir a "Chácara Paraíso", na qual fundou a "Colônia Regeneradora D. Romualdo", internando ali sob direção feminina, os garotos mais aptos para a Lavoura, a horticultura e outras atividades agropastoris, recolhendo ainda moças desviadas, conseguindo assim regenerar centenas de mulheres.

A vasta sementeira de Anália Franco consistiu em 71 Escolas, 2 albergues, 1 colônia regeneradora para mulheres, 23 asilos para crianças órfãs, 1 Banda Musical Feminina, 1 orquestra, 1 Grupo Dramático, além de oficinas para manufatura de chapéus, flores artificiais, etc., em 24 cidades do Interior e da Capital.

Anália morreu com 66 anos no dia 20 de janeiro de 1919. Sua desencarnação ocorreu precisamente quando havia tomado a deliberação de ir ao Rio de Janeiro fundar mais uma instituição, idéia essa concretizada posteriormente pelo seu esposo, que ali fundou o "Asilo Anália Franco".

A obra de Anália Franco foi, incontestavelmente, uma das mais salientes e meritórias da História do Espiritismo.

(24/03/2012)





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