O homem que mudou o Espiritismo no Brasil

Edgard Pereira Armond foi um homem que modificou o rumo do Espiritismo no Brasil. Revolucionário, educador, aglutinador, unificador, polêmico, orientador, iniciado, mestre maçom, empreendedor, rigoroso, e principalmente, disciplinador. É o que se fala e classifica daquele com formação militar, professor e maçom, nascido no interior de São Paulo, de Guaratinguetá em 1894 e desencarnado em 1982, com 88 anos.  É de sua responsabilidade a implantação da Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP), colaborando por mais de 30 anos, onde implantou o estudo da Doutrina Espírita em termos evangélicos. E também desenvolveu cursos em auxílio aos médiuns. Em 1973 nascia a Aliança Espírita Evangélica sob sua inspiração. Sempre preocupado com as Casas Espíritas lançou a ideia de criação da União das Sociedades Espíritas-USE. Da enciclopédia livre Wikipédia reproduzimos a biografia de Edgard Armond em seus pontos principais:
Antecedentes familiares e juventude -- Filho de Henrique Ferreira Armond e de Leonor Pereira de Souza Armond, ambos de Minas Gerais, os antepassados da família remontam a fidalgos franceses huguenotes, expatriados durante as perseguições religiosas motivadas por Catarina de Médicis a partir da Noite de São Bartolomeu (Paris, 1519), e que se estenderam por todo país até 1582. Nesse período, os Armond refugiaram-se em Amsterdã, nos Países Baixos, dedicando se ao comércio, transferindo-se depois para a ilha da Madeira e dali para o Brasil, em meados do século XVIII, fixando-se em uma sesmaria recebida da Coroa Portuguesa, entre Juiz de Fora e Barbacena, onde estabeleceram a primitiva Fazenda dos Moinhos.  Em Guaratinguetá fez os cursos primário e secundário, transferindo-se para São Paulo em 1912 e, no mesmo ano, para o Rio de Janeiro, ingressando no comércio e, ao mesmo tempo, prosseguindo os seus estudos.
A carreira militar - Em 1914, ao eclodir a Primeira Guerra Mundial, retornou para São Paulo, alistando-se na Força Pública do Estado de São Paulo, como Praça de Pré. Segundo registro no Almanaque da Biblioteca da Polícia Militar do Estado de São Paulo, antiga Força Pública, Armond alistou-se no dia 10 de maio de 1915. Em 1916, ingressou na Escola de Oficiais, como 1° Sargento, saindo aspirante em 1918, casando-se no ano seguinte com Nancy de Menezes, filha do Marechal de Exército Manoel Félix de Menezes.  Comandou destacamentos em Santos, São João da Boa Vista e Amparo, vindo a fixar-se na Capital. Como 2° Tenente, organizou e foi nomeado diretor da Biblioteca da Força Pública, sendo, no mesmo período, nomeado professor de História, Geografia e Geometria na Escola de Oficiais da antiga Força Pública.  Participou de vários movimentos militares, atuando nos movimentos tenentistas de 1922 e de 1924 onde integrou a tropa de ocupação nas fronteiras com a Argentina e o Paraguai até 1925.
Na Revolução de 1930, como Capitão, serviu no Estado Maior, voltando a exercer o magistério militar na Escola de Oficiais e no Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais, lecionando Administração e Legislação Militar.
Da vivência espiritualista à militância espírita - Edgard Armond conhecia bem o espiritualismo em geral. Desde 1910, em sua cidade natal, iniciara estudos sobre religiões e filosofias, demorando-se nos conhecimentos orientais.
Em 1921, enquanto comandante na cidade de Amparo, aceitou um convite para ingressar na Maçonaria, tendo deixando de freqüentá la alguns anos mais tarde, no grau de Mestre. De regresso à cidade de São Paulo, manteve contato com líderes esoteristas, ocultistas e espiritualistas, entre os quais Krishnamurti, Krum Heler, Jenerajadasa, Raul Silva (sobrinho de Batuíra) e o famoso médium de efeitos físicos, Carmine Mirabelli.
Em 1932, trabalhou ao lado do famoso médium Dr. Luiz Parigot de Souza, do Paraná. Em 1936, a convite de Silvino Canuto de Abreu, integrou o grupo de estudos e práticas espiritistas que funcionou na residência deste. Entre os seus participantes, encontravam-se o Dr. Carlos Gomes de Souza Shalders e Antônio Carlos Cardoso, ambos diretores da Escola Politécnica, tendo o grupo trabalhado com o Sr. Ramalho, médium de incorporação e uma única vez com Linda Gazear, conhecida médium de efeitos físicos que atuara na Europa, com Charles Richet e outros investigadores. O grupo também promovia visitas a outros grupos particulares que se dedicavam à prática de trabalhos mediúnicos de efeitos físicos, nos arredores da capital, todos incentivados pelos resultados obtidos pela família Prado em Belém do Pará.
A conversão de Armond ao Espiritismo deu-se após sofrer um grave incidente automobilístico, em 28 de junho de 1938, onde quebrou ambos os joelhos. Após diversas cirurgias, ficou quase sem poder andar durante seis meses, passando, em seguida, a usar muletas, com grande redução de movimentos. Solicitou então a baixa do serviço militar, que lhe foi negada por não ter o tempo legal de serviço ativo e por ainda caberem outros tratamentos. Como insistisse, obteve um ano de afastamento e, em seguida, a reforma solicitada (1940).
Nessa fase de convalescença, já estava desenvolvendo trabalhos de cooperação espírita, auxiliando amigos a preparar palestras e conferências. Já lera, a essa altura, grande parte da literatura espírita então disponível e, num domingo à tarde, em 1939, passando pela rua do Carmo, notou uma aglomeração à porta da Associação das Classes Laboriosas. Curioso, foi informado que ali estava se realizando uma comemoração de Allan Kardec. Entrou e presenciou parte do evento, ali reconhecendo alguns líderes espíritas amigos, como, por exemplo, João Batista Pereira, Lameira de Andrade, Américo Montagnini, estando também presente o médium Chico Xavier, que apenas iniciava sua tarefa mediúnica. Nessa reunião recebeu um livreto intitulado "Palavras do Infinito", pelo espírito de Humberto de Campos (depois Irmão X), contendo mensagens avulsas de entidades desencarnadas, distribuído pela recém-formada Federação Espírita do Estado de São Paulo. Esse opúsculo aumentou fortemente seu interesse pela Doutrina.
Nesse mesmo ano, passando pela Rua Maria Paula, para onde a Federação havia se mudado há poucos dias, percebendo à entrada uma placa com a inscrição "Casa dos Espíritas do Brasil", entrou, sendo recebido por João dos Santos e por este apresentado a outros ali presentes, com os quais conversou alguns momentos, sendo convidado a colaborar com as atividades, o que aceitou. Dias depois, recebeu um memorando assinado por Américo Montagnini, presidente recém-eleito, comunicando haver sido eleito para o cargo de secretário geral da Federação.
Como a Federação apenas se instalara naquele prédio, adaptado para sede própria, nada encontrou organizado ou em funcionamento regular, estando tudo por fazer, em todos os setores. João Batista Pereira, na eleição então realizada, deixara a presidência para Américo Montagnini e sob a denominação de Casa dos Espíritas do Brasil se fundiram a Sociedade Espírita São Pedro e São Paulo, até então dirigida pelo Dr. Augusto Militão Pacheco, a Sociedade de Metapsíquica de São Paulo dirigida pelo Dr. Shalders (desdobramento do grupo de estudos de 1936), e a própria Federação Espírita do Estado de São Paulo.
Em 1944, atendendo a projeto da Secretaria Geral da Casa dos Espíritas do Brasil, Armond fundou, com Pedro de Camargo "Vinícius" e Marta Cajado de Oliveira, o periódico "O Semeador", para difusão das idéias doutrinárias e o movimento geral da Casa. Nele, sob diversos pseudônimos, Armond colaborou ininterruptamente até fevereiro de 1972, alcançando um total de quatrocentos e vinte e cinco artigos. Além do periódico, para incrementar a difusão da Doutrina e prestigiar a Casa, propôs ainda a criação de um programa intitulado "Hora Espírita", que passou a ser veiculado na Rádio Tupi, semanalmente, aos domingos, sob a direção de João Rodrigues Montemor.
Em 1947, Armond funda a União Social Espírita (USE), posteriormente denominada de União das Sociedades Espíritas, com a finalidade de fortalecer o movimento Espírita do Estado de São Paulo e unificar as suas práticas religiosas.  Em 1950, Armond criou as Escolas de Aprendizes do Evangelho, cursos de Espiritismo previstos por Allan Kardec, em "Obras Póstumas", tarefa já tentada anteriormente pelo Dr. Bezerra de Menezes, no Rio de Janeiro, no início do século. Complementarmente instituiu também as Escolas de Médiuns, visando a melhoria do intercâmbio com o plano espiritual.
Em 1967, por motivos de doença, Armond solicitou o próprio afastamento da administração da Federação, embora tenha continuado a colaborar à distância no setor da publicidade, da organização de centros e organizações espíritas, inclusive em países estrangeiros.  Em 1973, em uma reunião em sua residência, Armond, com alguns companheiros, fundou a Aliança Espírita Evangélica. A partir de 1980 assessorou a formação do Setor III da Fraternidade dos Discípulos de Jesus, que reúne diversos Grupos Espíritas.
Obras -   "Contribuições ao Estudo da Mediunidade" (1942);  "Mediunidade de Prova"(1943);  "Desenvolvimento Mediúnico" (maio 1944);  "Missão Social dos Médiuns" (junho 1944);  "Os Exilados da Capela" (1949);  "Passes e Radiações" (1950) e  "Na Cortina do Tempo (1962).

Biografia/Livro – O espírita, escritor e documentarista Edelso da Silva Júnior pesquisou sobre a vida de Edgard Armond e a própria história do Espiritismo no Brasil e em São Paulo. Publicou no ano de 2010 uma biografia "No tempo do Comandante - Edgard Armond e o Espiritismo em época de revolução" sobre Edgard Armond e sua influência no Movimento Espírita.

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