Frases Extraídas do Livro "Horizontes da Mente"

 


O Espírito Miramez, em Horizontes da Mente, pela psicografia de João Nunes Maia, em seus 80 capítulos, discute os vários aspectos relacionados com a mente. Entre eles, citamos: poder da mente, emissão de pensamentos, dinamismo mental, pureza mental, limpeza da mente, magnetismo, olhos do iniciado, criação mental, mantras, poluição mental, poder da palavra, mente humana e mente divina.

Eis algumas frases coletadas:

"A mente é como o chuveiro da alma. Aquilo em que pensais firmemente cairá sobre vós mesmos, de modo a vos libertar ou a vos encarcerar, dependendo do teor dos sentimentos que impulsionam as ideias".

"Se porventura estais cansados e oprimidos, pensai no amor, começai com alegria a pensar nele, a vivê-lo na sua mais pura radiação, que notareis logo uma diferença no vosso estado psicológico".

"A inteligência é a faculdade de executar as ordens do raciocínio e, quando iluminada pelo amor, obedece à vigilância do coração".

"O desenho de sinais na mente é o princípio da comunicação entre as criaturas, e a formação dos pensamentos é uma arte divina, onde o espírito, como co-criador, tem sua maior parte".

"Se desejamos nos confundir com os benfeitores de alta hierarquia espiritual, é preciso que a educação da mente seja o primeiro passo".

"A harmonização da mente não se dá sem a cooperação dos nossos semelhantes, principalmente daqueles que não simpatizam conosco".

"Mesmo que queiramos, nunca conseguiremos parar de pensar, pois a mente é um dínamo sagrado ligado à suprema inteligência universal, pela qual flui, ininterruptamente, a vontade de Deus".

"Os bons costumes tornam a mente límpida e clareiam o verbo, enriquecendo-o, para que os ouvintes sejam estimulados ao exercício do bem eterno".

"Higienizemos a nossa mente, sem afrontá-la agressivamente".

"A mente é uma fornalha de temperaturas variáveis, de conformidade com a evolução da alma, onde se purificam todos os sentimentos provindos dos mais secretos escaninhos do espírito".

"O aprazimento puro do espírito depende da sua conexão com as normas do Criador, pois não existe alegria verdadeira sem paz na consciência".

"A mente dinâmica nos serviços da benevolência e do perdão prorrompe em nuances incalculáveis, na fraternidade imponderável".

"A mente é como um aditamento espiritual para a alma, uma escola de relevância transcendental na Terra, alojando qualidade e manifestando dons, diante de quantas colisões forem necessárias".

"O Evangelho representa a herança de todos os estudantes da verdade".

"Caso nos silenciemos, o mal se propaga, criando sérios embaraços por onde transita, e somos responsáveis por todos os estragos feitos em mentes invigilantes".

"O rosto expressa, de certo modo, o caráter da alma, assim as mãos, assim as palavras, confirmando a proposição da psicologia bem endereçada".

"Quando conseguirmos um campo mental sem mácula, através do tempo, configurado com o esforço próprio e coletivo, estaremos dando os primeiros passos nos céus do Cristo".

"Se Mesmer familiarizou o magnetismo animal entre as criaturas, devemos a Allan Kardec a conscientização, sem rodeios, do magnetismo espiritual".

"Meus filhos, façamos o bem, onde estivermos e da maneira que as nossas forças suportarem, pois é pela prática que o esmero se apresenta, e a natureza divina se ambienta na natureza humana. Começai pensando no bem, falando no bem, ou escrevendo sobre o bem, que ele, com o tempo, vos acompanhará para sempre".

"Eis porque tornamos a falar em "por que o perdão". Quem pratica a indulgência é o primeiro a ser beneficiado".

"O irmão de luta, que caminha conosco, enxerga melhor os nossos defeitos, sente os prejuízos causados por eles e nos aconselha de forma violenta".

"Os justos não enganam os outros nem condenam seus semelhantes, por já se encontrarem livres das armadilhas da intolerância e serem amantes da justiça e do perdão".

"Jesus foi o próximo mais iluminado que se aproximou de nós, fazendo presentes todos os raios de sol para nos aquecer".

"A mente é um dínamo que, de certo modo, não nos pertence. Contudo, o seu bom funcionamento requer a nossa participação ativa e constante. O que não nos pertence é a sua existência e a sua mecânica".

"As formas mentais têm uma força coesiva sem precedentes, maior que a liga de todas as colas e o traço de todos os cimentes".

"Todos nós, que viajamos na Terra, pertencemos à escola do Cristo, que objetiva, em. todos os seus programas, a educação da mente".

"A vigilância é sempre a eterna âncora da alma, apoiada no fundo do mar tempestuoso da mente, a nos garantir a tranquilidade, disciplinando uma profusão de pensamentos diários, de maneira a serem úteis no seu campo de ação".

"Meus filhos, se começais hoje na educação da mente, tereis certeza da reversão da própria natureza inferior".

"Os pensamentos antecedem as palavras e estas são dirigidas por eles".

"Todo o Evangelho do Cristo são mantras divinos, preparados por Jesus, para a felicidade dos homens".

"O uso dos mantras é uma ciência, e toda ciência bem aplicada tem seus métodos".

"A formação dos nossos pensamentos é que determina a nossa conduta".

"A ação dá continuidade aos pensamentos. Mas são os pensamentos que geram as ações".


Jesus e o Jugo Romano



O ambiente em que Jesus viveu foi marcado pelo domínio romano sobre a Palestina. Esse jugo político e econômico pesava duramente sobre a Palestina [Judeia, Galileia, Samaria etc.] muito mais do que em relação a outros povos. Os judeus viam na ocupação estrangeira não apenas uma opressão material, mas também um dano espiritual, já que a nação escolhida por Deus estava submetida a um império pagão.

O jugo romano na Palestina incluía: a) Tributos expressivos:  a carga tributária era considerada pesada e injusta; b) Conquista: em 63 a.C., a região da Judeia foi incorporada ao Império Romano; c) Administração: Roma mantinha governadores, soldados, e cobradores de impostos (publicanos); c) Tensões religiosas e políticas: Para os judeus, o domínio romano era um sinal de opressão e até humilhação, já que sua esperança messiânica era a restauração do Reino de Israel.

Nesse cenário, surgiram diferentes posturas: os zelotes defendiam a resistência armada, os fariseus buscavam preservar a identidade religiosa, os saduceus preferiam a conciliação com Roma e os essênios retiravam-se da vida pública. Cada grupo expressava, à sua maneira, uma tentativa de responder à tensão entre a fé judaica e o poder imperial.

Jesus, em vez de se alinhar às correntes que pregavam a violência ou a submissão, elaborou uma dimensão mais profunda da liberdade. Na frase lapidar “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, revelou não apenas prudência política, mas sobretudo a distinção entre a autoridade temporal e a soberania divina. Para Jesus, a verdadeira libertação não consistia em expulsar os romanos, mas em transformar o coração humano e instaurar o Reino de Deus, um reino de justiça, paz e amor que ultrapassa qualquer fronteira política.

Jesus não ignorou o jugo romano. Inspirou-se na revolução espiritual que desarmava o ódio e denunciava a idolatria do poder. Essa postura, ao mesmo tempo submissa e libertadora, demonstrou que a liberdade plena não depende de circunstâncias externas, mas de uma fidelidade incondicional a Deus. Por isso, a mensagem de Jesus permanece atual, recordando que nenhuma opressão política pode sufocar a dignidade e a esperança daqueles que se abrem ao Reino.

 

Sacrifício e Espiritismo

 


Sacrifício – Do latim sacrificium significa o que está relacionado ao ato de fazer com que alguma coisa se torne sagrada. Sacrificar é converter em sagrado o objeto que será dado em oferta. É o ato principal de todo culto religioso; é a oferta feita à divindade em certas cerimônias solenes. Sacrificar-se é crescer; quem cede para os outros adquire para si mesmo.

Na Antiguidade, os sacrifícios de animais, crianças, virgens e prisioneiros de guerra eram corriqueiros. No Antigo Testamento, os sacrifícios eram considerados dons sagrados. Abraão, por exemplo, por ordem de Deus, quis imolar o seu filho Isaac em holocausto e que depois foi substituído por um carneiro. No Novo Testamento, a instituição antiga dos sacrifícios cede lugar ao sacrifício pela Cruz do Cristo. Numa acepção mais contemporânea, há o holocausto alemão praticado ao povo judeu.

A morte de Jesus na Cruz representa o móvel da redenção da Humanidade. O símbolo da cruz, em que juntam o céu e a terra, foi enriquecido prodigiosamente pela tradição cristã, condensando nessa imagem a história da salvação e a paixão do Salvador. A cruz simboliza o Crucificado, o Cristo, o Salvador, o Verbo, a segunda pessoa da Santíssima Trindade. Ela é mais do que uma figura de Jesus, ela se identifica com sua história humana, com a sua pessoa. Enquanto no passado havia o “olho por olho e dente por dente”, Jesus ensinou-nos a oferecer a outra face, quando numa delas alguém nos batesse. Enquanto no passado ofereciam-se animais, crianças, alimentos, Jesus oferece-nos um único mandamento: cada qual deve carregar a sua cruz.

Filosoficamente, a coragem para o sacrifício fundamenta-se no deixar o conhecido, o lugar conquistado, a comodidade do pensamento vulgar para se aventurar na busca de novos ensinamentos, novas experiências e novos rumos na vida. “A coragem para o sacrifício está em acreditar poder de novo outra vez. Poder sempre inaugurar um novo sentido, ou mesmo repetir o feito e de novo realizar. É dispor-se à vida que se vive e se realiza vivendo, e compreender que nesse jogo de viver e realizar jogar o incerto e o inesperado, e que assim devem ser acolhidos”. (Pizzolante, 2008, p. 188)

Cumpre observar que o sacrifício não é auto-imposição, mas uma disposição para a abnegação, que é o afastar-se da arrogância do ficar no já conquistado. O sacrifício assemelha-se à dor do parto, pois a mãe sofre, mas em seguida vê o rebento vir à luz, que lhe dá grande alegria. Em nosso caso, o parto refere-se à ideia nova, tal qual Sócrates fazia na Antiguidade, quando ensinava na praça pública. Sadi, por outro lado, dizia-nos: “A paciência é uma planta de raízes assaz amargas, mas de frutos dulcíssimos”.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan kardec ensina-nos que o sacrifício mais agradável a Deus é o do Ressentimento. Ele expressa o pensamento da seguinte forma: “Antes de se apresentar a ele para ser perdoado, é preciso ter perdoado, e que, se cometeu injustiça contra um dos seus irmãos, é preciso tê-la reparado; só então a oferenda será agradável, porque virá de um coração puro de todo o mau pensamento” (1984, cap. X, p.134.) Em outras palavras, antes de entrarmos no templo do Senhor devemos purificar o nosso coração, porque assim teremos mais condições de entrar em perfeita conexão com os Espíritos superiores e deles receber inspirações para as nossas boas ações.

O trabalhador da seara mediúnica não raro registrará as seguintes questões: por que o meu caminho é de sofrimento? Por que a minha vida está repleta de dor? Onde estão os benfeitores espirituais? Por que eles não vêm aliviar as minhas amarguras? Lembremo-nos de que Jesus ensinou que a cruz é o símbolo da redenção do cristão. Os mensageiros de luz vêm apenas estimular as nossas ações dizendo que deveríamos pegar a nossa cruz e caminhar com ela, tanto quanto forem os passos que a divindade nos impuser. E por maior sejam os sacrifícios que teremos de suportar, não cortemos uma pedaço dela, porque poderá fazer falta quando tivermos que usá-la como ponte para atravessar o rio.

O sacrifício mais agradável a Deus é aquele em que o individuo se coloca abertamente para aceitar, sem desânimo e sem reclamações, a determinação dos Espíritos de luz acerca de sua missão na terra.

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

EQUIPE DA FEB. O Espiritismo de A a Z. Rio de Janeiro: FEB, 1995.

KARDEC, A. O Evangelho Segundo o Espiritismo. 39. ed. São Paulo: IDE, 1984.

PIZZOLANTE, Romulo. A Filosofia e a Coragem para o Sacrifício. In: MEES, L. e PIZZOLANTE, R. (org.). O Presente do Filósofo: Homenagem a Gilvan Fogel. Rio de Janeiro: Mauad X, 2008

 

Geração Nova

 


“A Geração Nova” é um subtítulo do capítulo XVIII – São Chegados os Tempos – do livro A Gênese, de Allan Kardec. Por geração nova, entende-se uma Humanidade mais evoluída do que a atual, uma Humanidade em que a inteligência e a razão caminham em perfeita harmonia com o sentimento inato do bem.

A regeneração da Humanidade faz parte da Lei do Progresso e está nos planos de Deus. Nosso próprio Planeta já passou por várias transformações físicas, desde a sua criação, há 5 bilhões de anos. É possível que, materialmente, ainda haja reparos a serem feitos, pois nenhuma revolução física se faz da noite para o dia. Contudo, os cataclismos previstos nos Evangelhos nada têm de material; eles são eminentemente morais.

O Espiritismo não é o promotor da regeneração, pois a mesma encontra-se nos desígnios de Deus. O Espiritismo nos dá informações, conhecimentos, subsídios para uma melhor compreensão do que está acontecendo e do que está por vir. A tese – os tempos são chegados – é motivo de diversas interpretações: para os incrédulos, nenhuma importância têm; para a maioria dos crentes, qualquer coisa de místico ou de sobrenatural, parecendo-lhes subversão das leis Naturais. O Espiritismo, ao contrário, vem nos dizer que esses acontecimentos estão de acordo com a Divina Providência.

As mortes coletivas, por exemplo, são um transtorno para a maioria da população. Para o Espiritismo, é fator de progresso. Allan Kardec diz-nos que, quando partem muitos de uma só vez, a possibilidade de eles anteverem o progresso é muito maior se eles fossem um a um, dois a dois, dez a dez. Se ficassem encarnados, demorariam muito para voltarem à prática do bem; as ideias retrógradas poderiam ir sedimentando mais e mais que de nada adiantaria viver mais anos neste Planeta. A melhor solução, não resta dúvida, é o desencarne coletivo.

O Planeta Terra está passando do Mundo de Expiação e Provas para o Mundo de Regeneração. No Mundo de Regeneração, o bem deve predominar sobre o mal. Por isso, para aqueles que ainda não se ajustaram à lei do amor, para aqueles que ainda se comprazem em fazer o mal pelo mal, haverá a emigração para outros orbes menos evoluídos. Os desencarnes coletivos fazem com que os Espíritos possam refletir mais objetivamente sobre a sua condição espiritual. Se, nessa passagem pelo mundo dos Espíritos, eles já conseguirem vislumbrar uma outra situação moral, poderão retornar a este Planeta, não precisando ir a mundos mais inferiores.

geração nova é um modelo de perfeição do Espírito. Ninguém pensará em prejudicar o seu próximo. A tônica será: "cada um suplante a si mesmo e não ao seu próximo".

 

Irmão X Entrevista Sócrates


O Espírito Humberto de Campos, mais conhecido como Irmão X, disse ter encontrado Sócrates no Instituto Celeste de Pitágoras — nome convencional para figurar os centros de grandes reuniões espirituais no plano Invisível. Nesse dia, a reunião era dedicada a todos os estudiosos vindos da Terra longínqua. Depois de ouvir os sábios ensinamentos do Mestre, atreveu-se a abordá-lo.

"— Mestre — disse eu —, venho recentemente da Terra distante, para onde encontro possibilidade de mandar o vosso pensamento. Desejaríeis enviar para o mundo as vossas mensagens benevolentes e sábias?

— Seria inútil — respondeu-me bondosamente —, os homens da Terra ainda não se reconheceram a si mesmos. Ainda são cidadãos da pátria, sem serem irmãos entre si. Marcham uns contra os outros, ao som de músicas guerreiras e sob a proteção de estandartes que os desunem, aniquilando-lhes os mais nobres sentimentos de humanidade.

— Mas... — retorqui — lá no mundo há uma elite de filósofos que se sentiriam orgulhosos de vos ouvir! ...

— Mesmo entre eles as nossas verdades não seriam reconhecidas. Quase todos estão com o pensamento cristalizado no ataúde das escolas. Para todos os espíritos, o progresso reside na experiência. A História não vos fala do suicídio orgulhoso de Empédocles de Agrigento, nas lavas do Etna, para proporcionar aos seus contemporâneos a falsa impressão de sua ascensão para os céus? Quase todos os estudiosos da Terra são assim; o mal de todos é o enfatuado convencimento de sabedoria. Nossas lições valem somente como roteiro de coragem para cada um, nos grandes momentos da experiência individual, quase sempre difícil e dolorosa.

Não crucificaram, por lá, o Filho de Deus, que lhes oferecia a própria vida para que conhecessem e praticassem a Verdade? O pórtico da pitonisa de Delfos está cheio de atualidade para o mundo. Nosso projeto de difundir a felicidade na Terra só terá realização quando os Espíritos aí encarnados deixarem de ser cidadãos para serem homens conscientes de si mesmos. Os Estados e as Leis são invenções puramente humanas, justificáveis, em virtude da heterogeneidade com respeito à posição evolutiva das criaturas; mas, enquanto existirem, sobrará a certeza de que o homem não se descobriu a si mesmo, para viver a existência espontânea e feliz, em comunhão com as disposições divinas da natureza espiritual. A Humanidade está muito longe de compreender essa fraternidade no campo sociológico.

Impressionado com essas respostas, continuei a interrogá-lo:

— Apesar dos milênios decorridos, tendes a exprimir alguma reflexão aos homens, quanto à reparação do erro que cometeram, condenando-vos à morte?

— De modo algum. Méletos e outros acusadores estavam no papel que lhes competia, e a ação que provocaram contra mim nos tribunais atenienses só podia valorizar os princípios da filosofia do bem e da liberdade que as vozes do Alto me inspiravam, para que eu fosse um dos colaboradores na obra de quantos precederam, no Planeta, o pensamento e o exemplo vivo de Jesus-Cristo. Se me condenaram à morte, os meus juízes estavam igualmente condenados pela Natureza; e, até hoje, enquanto a criatura humana não se descobrir a si mesma, os seus destinos e obras serão patrimônios da dor e da morte.

— Poderíeis dizer algo sobre a obra dos vossos discípulos?

— Perfeitamente — respondeu-me o sábio ilustre —, é de lamentar as observações mal-avisadas de Xenofonte, lamentando eu, igualmente, que Platão, não obstante a sua coragem e o seu heroísmo, não haja representado fielmente a minha palavra junto dos nossos contemporâneos e dos nossos pósteros. A História admirou na sua Apologia os discursos sábios e bem feitos, mas a minha palavra não entoaria ladainhas laudatórias aos políticos da época e nem se desviaria- para as afirmações dogmáticas no terreno metafísico. Vivi com a minha verdade para morrer com ela. Louvo, todavia, a Antístenes, que falou com mais imparcialidade a meu respeito, de minha personalidade que sempre se reconheceu insuficiente. Julgáveis então que me abalançasse, nos últimos instantes da vida, a recomendações no sentido de que se pagasse um galo a Esculápio? Semelhante expressão, a mim atribuída, constitui a mais incompreensível das ironias.

— Mestre, e o mundo? — indaguei.

— O mundo atual é a semente do mundo paradisíaco do futuro. Não tenhais pressa. Mergulhando-me no labirinto da História, parece-me que as lutas de Atenas e Esparta, as glórias do Pártenon, os esplendores do século de Péricles, são acontecimentos de há poucos dias; entretanto, soldados espartanos e atenienses, censores, juízes, tribunais, monumentos políticos da cidade que foi minha pátria, estão hoje reduzidos a um punhado de cinzas!... A nossa única realidade é a vida do Espírito.

— Não vos tentaria alguma missão de amor na face do orbe terrestre, dentro dos grandes objetivos da regeneração humana?

— Nossa tarefa, para que os homens se persuadam com respeito à verdade, deve ser toda indireta. O homem terá de realizar-se interiormente pelo trabalho perseverante, sem o que todo o esforço dos mestres não passará do terreno do puro verbalismo.

E, como se estivesse concentrado em si mesmo, o grande filósofo sentenciou:

— As criaturas humanas ainda não estão preparadas para o amor e para a liberdade... Durante muitos anos, ainda, todos os discípulos da Verdade terão de morrer muitas vezes!...

E enquanto o ilustre sábio ateniense se retirava do recinto, junto de Anaxágoras, dei por terminada a preciosa e rara entrevista".

Fonte de Consulta

XAVIER, F. C. Crônicas de Além-Túmulo, pelo Espírito Humberto de Campos. Rio de Janeiro: FEB, 1937. (Capítulo 25 — “Sócrates”)

 

Se Alguém te Ferir a Face Direita


O texto evangélico: Vós tendes ouvido o que se disse: Olho por olho e dente por dente. Eu, porém, digo-vos que não resistais ao mal; mas se alguém te ferir tua face direita, oferece-lhe também a outra; e ao que quer demandar-te em juízo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e se alguém te obrigar a ir carregado mil passos, vai com ele ainda mais outros dois mil. Dá a quem te pede e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes. (Mateus, V: 38-42). (1)

Moisés, por volta de 1600 a.C., revelou aos homens a existência de um Deus único. Recebeu o Decálogo, ou dez mandamentos. Paralelamente, como disciplinador, coloca em prática a lei do olho por olho e dente por dente, de sua própria autoria. Dá a entender que o seu Deus é um Deus de temor, que cobra e castiga sem piedade.

A expressão "olho por olho, dente por dente" vem do Código de Hamurabi, uma das primeiras leis escritas da humanidade, e representa o princípio da retaliação proporcional ou Lei de Talião. A ideia é que a punição deve ser equivalente ao dano causado, evitando excessos e garantindo justiça.

Moisés trouxe a primeira revelação; Jesus, a segunda. A primeira revelação dá relevância ao olho por olho e dente por dente; a segunda fala do amor incondicional, estendendo-o até ao amor ao inimigo. E aqui, como comparação, podemos acrescentar que quando baterem em uma face, devemos mostrar a outra.

De acordo com Allan Kardec, em (1): "são os preconceitos do mundo que levam à suscetibilidade sombria, nascida do orgulho e do exagerado personalismo muito semelhante ao olho por olho da época de Moisés. Mas veio o Cristo e disse: "Não resistais ao que vos fizer mal; mas se alguém te ferir na tua face direita, oferece-lhe também a outra"".

A explicação evangélica de oferecer a outra face resume-se: “que o homem deve aceitar com humildade tudo o que tende a reduzir-lhe o orgulho; que é mais glorioso para ele ser ferido que ferir; suportar pacientemente uma injustiça que cometê-la; que mais vale ser enganado que enganar, ser arruinado que arruinar os outros”. (1)

O Espírito Emmanuel, no capítulo 63 — “Atritos Físicos” de Vinha de Luz, comenta o assunto, mostrando-nos que oferecer a outra face é uma peça de bom senso e lógica rigorosa, pois quando alguém dá um murro, ele está mostrando que há ausência de razão. Em síntese: é um apelo à superioridade que pessoas vulgares desconhecem. (2)

Em todas as circunstâncias adversas, procuremos manter a calma, pois um deslize grave pode trazer consequências desastrosas, consoante a frase: “infelizmente o que está feito, feito está, o que há de vir virá forçosamente".

Fonte de Consulta 

(1) KARDEC, Allan. Capítulo 12 de O Evangelho Segundo o Espiritismo .

(2) XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz, pelo Espírito Emmanuel. 

 

Aristocracia

 


Etimologicamente, a aristocracia é o “governo dos melhores” (do grego aristos, melhor e kratos, poder). Segundo Platão, os filósofos eram os mais sábios e os mais capacitados para dirigir uma nação. Isto não implicava a ideia de transmissão hereditária de privilégios sociais que prevaleceu em seguida.

As formas de governo podem ser resumidas em três (de um só, de poucos e de todos). Aristóteles (384-322) nomeia-as: a monarquia, em que o poder se concentra em uma pessoa; a aristocracia, em que o poder se concentra num grupo de pessoas; a democracia, em que o povo exerce o poder através de representantes eleitos. Cada uma dessas formas pode se degenerar: a monarquia, em tirania, a aristocracia, em timocracia e a democracia, em demagogia. Por esta razão, Montesquieu (1689-1755) elaborou a Teoria da Separação dos Poderes, em O Espírito das Leis.

Poder — Do latim potere é, literalmente, o direito de deliberar, agir e mandar e também, dependendo do contexto, a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, ou o império de dada circunstância ou a posse do domínio, da influência ou da força. A sociologia define poder, geralmente, como a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, mesmo se estes resistirem de alguma maneira. Para Hobbes, o poder é algo que “se baseia nos meios para obter uma vantagem”; para Russel, “o conjunto de meios que permitem obter efeitos desejados”.

Historicamente, a autoridade pode ser assim resumida. Na antiguidade, era exercida pelos chefes de família, ou seja, pelos patriarcas. Com o aumento populacional e a complexidade das sociedades, foi preciso substituir os chefes de família pelos homens fortes, o exército. O poder militar juntou-se ao poder eclesial, criando, na Idade Média, a autoridade de Nascença. Depois foi-lhe acrescentada a influência do dinheiro e da inteligência, que ainda perduram na época atual.

Allan Kardec retoma esse tema em Obras Póstumas. Ele quer nos mostrar que a inteligência é neutra e nem sempre conduz os homens aos melhores resultados. Acha que a inteligência deve ter uma direção, direção esta dada pela moral. Por isso, o termo aristocracia intelecto-moral. Entendamos a sua dinâmica. É ela que conduzirá o homem ao reino do bem na Terra, pois fará com que os detentores do poder baseiem as suas decisões apenas no bem comum e não nos seus interesses pessoais, como sói ainda acontecer presentemente. Allan Kardec diz-nos que todas as aristocracias tiveram a sua razão de ser e atenderam a uma necessidade peremptória da população. Porém, nenhuma delas teve por base o princípio moral; “só este princípio pode constituir uma supremacia durável, porque terá de animá-lo sentimentos de justiça e caridade”.

As falcatruas políticas que sempre houve, e ainda há, não impedirão a implantação desta aristocracia intelecto-moral? Não. De acordo com Allan Kardec, o bem deverá suplantar o mal. Acrescenta que os homens de bem não fazem alarde de suas obras; os maus, sim. Dia virá em que, por força da inexorabilidade do progresso, os homens que ocuparão os postos de comando serão os mais inteligentes e os mais moralizados.

Em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec, no lugar da fé cega, que aniquila a liberdade de pensar, diz: “Não há fé inabalável, senão a que possa encarar, face a face a razão, em todas as épocas da Humanidade. A fé necessita de base e esta base consiste na inteligência perfeita daquilo em que se haja de crer. Para crer, não basta ver, é, sobretudo, preciso compreender”. Nesse caso, podemos apontar o Espiritismo como um dos principais precursores da aristocracia do futuro, a aristocracia intelecto-moral.

Fonte de Consulta

KARDEC, A. Obras Póstumas. 15. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975, capítulo sobre Aristocracias, p. 239 a 245.

 

O Evangelho Q, de José Lázaro Boberg


José Lázaro Boberg, em O Evangelho Q, ou o cristianismo já estava escrito antes... No Egito, busca as origens cristãs, fazendo uma comparação entre as sentenças pronunciadas e as narrativas dos evangelistas Mateus, Marcos, Lucas e João, pois de acordo com os pesquisadores do Seminário de Jesus, 82% das palavras e 84% das ações atribuídas a jesus, não são verdades históricas, mas 'crenças' cristãs.

Este livro está dividido em quatro partes: na primeira parte, trata da descoberta do evangelho perdido; na segunda parte, discorre sobre o texto evangelho perdido; na terceira parte, expõe os comentários ao Evangelho Q; na quarta parte, cuida das reflexões finais.

No tópico inicial — “O que eles disseram” — há a seguinte frase: “Importaria, primeiro, saber se ele (Jesus) a pronunciou", ou, "se colocaram em sua boca". (acrescentamos). KARDEC, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XXIII, item 3.

A fonte de inspiração para estes escritos está no livro do pesquisador Burton L. Mack, Professor de Novo Testamento da Faculdade de Teologia de Claremont, nos Estados Unidos, denominado O livro de Q, onde se relatam os ingentes esforços dispendidos por vários acadêmicos de nacionalidades diversas, durante muitos anos, na busca histórica de mais esse evangelho perdido.

Para enriquecer o conteúdo do livro, o autor serviu-se das pesquisas de vários acadêmicos de ponta, tais como, o pesquisador Burton L. Mack, citado anteriormente, o ex-pastor Anglicano, Tom Harpur, do Canadá, Rudolf Bultmann, teólogo protestante, da Alemanha, John Dominic Crossan, ex-sacerdote católico, entre outros.

Os diversos pesquisadores, na tentativa de verificar qual foi o primeiro evangelho escrito — de Mateus ou de Marcos — descobrem documento anterior, e denominam este hipotético documento de Q — abreviatura de Quelle, que quer dizer "fonte", em alemão — que seria assim, a outra Fonte de onde os escritores de Mateus e Lucas buscaram 'subsídios' para escrever seus evangelhos.

 

D. Pedro II — A Missão do Espírito Longinus


"D. Pedro II" é o título do capítulo 20, do livro "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho", pelo Espírito Irmão X e psicografia de Francisco Cândido Xavier. 

... Recebendo as confidências de Ismael, que apelava para a sua misericórdia infinita, considerou o Senhor a necessidade de polarizar as atividades do Brasil num centro de exemplos e de virtudes, para modelo geral de todos. Chamando Longinus à sua presença, falou com bondade:

— Longinus, entre as nações do orbe terrestre, organizei o Brasil como o coração do mundo. Minha assistência misericordiosa tem velado constantemente pelos seus destinos e, inspirando a Ismael e seus companheiros do Infinito, consegui evitar que a pilhagem das nações ricas e poderosas fragmentasse o seu vasto território, cuja configuração geográfica representa o órgão do sentimento no planeta, como um coração que deverá pulsar pela paz indestrutível e pela solidariedade coletiva e cuja evolução terá de dispensar, logicamente, a presença contínua dos meus emissários para a solução dos seus problemas de ordem geral. Bem sabes que os povos têm a sua maioridade, como os indivíduos, e se bem não os percam de vista os gênios tutelares do mundo espiritual, faz-se mister se lhes outorgue toda a liberdade de ação, a fim de aferirmos o aproveitamento das lições que lhes foram prodigalizadas.

"Sente-se o teu coração com a necessária fortaleza para cumprir uma grande missão na Pátria do Evangelho?"

— Senhor — respondeu Longinus, num misto de expectativa angustiosa e de refletida esperança —, bem conheceis o meu elevado propósito de aprender as vossas lições divinas e de servir à causa das vossas verdades sublimes, na face triste da Terra. Muitas existências de dor tenho voluntariamente experimentado, para gravar no íntimo do meu espírito a compreensão do vosso amor infinito, que não pude entender ao pé da cruz dos vossos martírios no Calvário, em razão dos espinhos da vaidade e da impenitência, que sufocavam, naquele tempo, a minha alma. Assim, é com indizível alegria, Senhor, que receberei vossa incumbência para trabalhar na terra generosa, onde se encontra a árvore magnânima da vossa inesgotável misericórdia. Seja qual for o gênero de serviços que me forem confiados, acolherei as vossas determinações como um sagrado ministério.

— Pois bem — redarguiu Jesus com grande piedade —, essa missão, se for bem cumprida por ti, constituirá a tua última romagem pelo planeta escuro da dor e do esquecimento. A tua tarefa será daquelas que requerem o máximo de renúncias e devotamentos. Serás imperador do Brasil, até que ele atinja a sua perfeita maioridade, como nação. Concentrarás o poder e a autoridade para beneficiar a todos os seus filhos. Não é preciso encarecer aos teus olhos a delicadeza e sublimidade desse mandato, porque os reis terrestres, quando bem compenetrados das suas elevadas obrigações diante das leis divinas, sentem nas suas coroas efêmeras um peso maior que o das algemas dos forçados. A autoridade, como a riqueza, é um patrimônio terrível para os espíritos inconscientes dos seus grandes deveres. Dos teus esforços se exigirá mais de meio século de lutas e dedicações permanentes. Inspirarei as tuas atividades; mas, considera sempre a responsabilidade que permanecerá nas tuas mãos. Ampara os fracos e os desvalidos, corrige as leis despóticas e inaugura um novo período de progresso moral para o povo das terras do Cruzeiro. Institui, por toda parte, o regime do respeito e da paz, no continente, e lembra-te da prudência e da fraternidade que deverá manter o país nas suas relações com as nacionalidades vizinhas. Nas lutas internacionais, guarda a tua espada na bainha e espera o pronunciamento da minha justiça, que surgirá sempre, no momento oportuno. Fisicamente consideradas, todas as nações constituem o patrimônio comum da humanidade e, se algum dia for o Brasil menosprezado, saberei providenciar para que sejam devidamente restabelecidos os princípios da justiça e da fraternidade universal. Procura aliviar os padecimentos daqueles que sofrem nos martírios do cativeiro, cuja abolição se verificará nos últimos tempos do teu reinado. Tuas lides terminarão ao fim deste século, e não deves esperar a gratidão dos teus contemporâneos; ao fim delas, serás alijado da tua posição por aqueles mesmos a quem proporcionares os elementos de cultura e liberdade. As mãos aduladoras, que buscarem a proteção das tuas, voltarão aos teus palácios transitórios, para assinar o decreto da tua expulsão do solo abençoado, onde semearás o respeito e a honra, o amor e o dever, com as lágrimas redentoras dos teus sacrifícios. Contudo, amparar-te-ei o coração nos angustiosos transes do teu último resgate, no planeta das sombras. Nos dias da amargura final, minha luz descerá sobre os teus cabelos brancos, santificando a tua morte. Conserva as tuas esperanças na minha misericórdia, porque, se observares as minhas recomendações, não cairá uma gota de sangue no instante amargo em que experimentares o teu coração igualmente trespassado pelo gládio da ingratidão. A posteridade, porém, saberá descobrir as marcas dos teus passos na Terra, para se firmar no roteiro da paz e da missão evangélica do Brasil.

Longinus recebeu com humildade a designação de Jesus, implorando o socorro de suas inspirações divinas para a grande tarefa do trono.

Ele nasceria no ramo enfermo da família dos Braganças; mas, todas as enfermidades têm na alma as suas raízes profundas. Se muitas vezes parece permanecer a herança psicológica, é que o sagrado instituto da família, dentro da lei das afinidades, frequentemente se perpetua no infinito do tempo. Os antepassados e seus descendentes, espiritualmente considerados, são, às vezes, as mesmas figuras sob nomes vários, na árvore genealógica, obedecendo aos sábios dispositivos da lei de reencarnação. Foi assim que Longinus preparou a sua volta à Terra, depois de outras existências tecidas de abnegações edificantes em favor da humanidade, e, no dia 2 de dezembro de 1825, no Rio de Janeiro, nascia de D. Leopoldina, a virtuosa esposa de D. Pedro, aquele que seria no Brasil o grande imperador e que, na expressão dos seus próprios adversários, seria o maior de todos os republicanos de sua pátria.

Curiosidades sobre D. Pedro II

No centenário da independência dos Estados Unidos, D. Pedro II esteve lá representando o Brasil. Foi recebido pelo presidente dos Estados Unidos, sendo aclamado como um intelectual, um cientista que falava fluentemente vários idiomas, inclusive o tupi-guarani. .

Foi considerado o maior estadista que o Brasil já teve. Ainda hoje o seu nome é lembrado pelos norte-americanos. No Brasil, contudo, há escola de samba denegrindo o seu nome. 

No centenário da Independência americana estavam comemorando o afastamento do sistema monárquico europeu e propugnando a nova politica internacional — a República. 

O contraste: o centenário de uma República e um monarca. D. Pedro II foi o primeiro monarca a pisar no solo americano, e recebido como muito satisfação e alegria. Diziam que ele era um cidadão imperial, pois conversava com as pessoas naturalmente, sem a pompa imperial. Participou de diversos debates, e percorreu os Estados Unidos da Costa Oeste à Costa Leste, viajando de trem.

O navio que ele chegou aos Estados Unidos se chamava "Rússia". Foi como um passageiro normal. Quando a imprensa o descobre, responde: "eu vim aqui para participar do maior encontro da ciência e tecnologia do mundo".  

Era considerado uma das maiores personalidades do mundo.

Entrevista com Gérson Gomes. Link: Rádio Auri Verde Brasil 



Pesquisa

Visualizações (últimos 30 dias)

Siga-nos