Etimologicamente, a aristocracia é o
“governo dos melhores” (do grego aristos, melhor e kratos, poder).
Segundo Platão, os filósofos eram os mais sábios e os mais capacitados para
dirigir uma nação. Isto não implicava a ideia de transmissão hereditária de
privilégios sociais que prevaleceu em seguida.
As formas de governo podem ser resumidas em três (de um só, de poucos e de todos). Aristóteles (384-322) nomeia-as: a monarquia, em que o poder se concentra em uma pessoa; a aristocracia, em que o poder se concentra num grupo de pessoas; a democracia, em que o povo exerce o poder através de representantes eleitos. Cada uma dessas formas pode se degenerar: a monarquia, em tirania, a aristocracia, em timocracia e a democracia, em demagogia. Por esta razão, Montesquieu (1689-1755) elaborou a Teoria da Separação dos Poderes, em O Espírito das Leis.
Poder — Do latim potere é, literalmente, o direito de deliberar, agir e mandar e também, dependendo do contexto, a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, ou o império de dada circunstância ou a posse do domínio, da influência ou da força. A sociologia define poder, geralmente, como a habilidade de impor a sua vontade sobre os outros, mesmo se estes resistirem de alguma maneira. Para Hobbes, o poder é algo que “se baseia nos meios para obter uma vantagem”; para Russel, “o conjunto de meios que permitem obter efeitos desejados”.
Historicamente, a autoridade pode ser
assim resumida. Na antiguidade, era exercida pelos chefes de família, ou
seja, pelos patriarcas. Com o aumento populacional e a complexidade das
sociedades, foi preciso substituir os chefes de família pelos homens fortes, o
exército. O poder militar juntou-se ao poder eclesial, criando, na Idade Média,
a autoridade de Nascença. Depois foi-lhe acrescentada a influência do dinheiro
e da inteligência, que ainda perduram na época atual.
Allan Kardec retoma esse
tema em Obras Póstumas. Ele quer nos
mostrar que a inteligência é neutra e nem sempre conduz os homens aos melhores
resultados. Acha que a inteligência deve ter uma direção, direção esta dada
pela moral. Por isso, o termo aristocracia intelecto-moral.
Entendamos a sua dinâmica. É ela que conduzirá o homem ao reino do bem na
Terra, pois fará com que os detentores do poder baseiem as suas decisões apenas
no bem comum e não nos seus interesses pessoais, como sói ainda acontecer
presentemente. Allan Kardec diz-nos que todas as aristocracias tiveram a sua
razão de ser e atenderam a uma necessidade peremptória da população. Porém,
nenhuma delas teve por base o princípio moral; “só este princípio pode
constituir uma supremacia durável, porque terá de animá-lo sentimentos de
justiça e caridade”.
As falcatruas políticas que sempre
houve, e ainda há, não impedirão a implantação desta aristocracia
intelecto-moral? Não. De acordo com Allan Kardec, o bem deverá suplantar o mal.
Acrescenta que os homens de bem não fazem alarde de suas obras; os maus, sim.
Dia virá em que, por força da inexorabilidade do progresso, os homens que
ocuparão os postos de comando serão os mais inteligentes e os mais moralizados.
Em O Evangelho Segundo o
Espiritismo, Allan Kardec, no lugar da fé cega, que aniquila a liberdade de
pensar, diz: “Não há fé inabalável, senão a que possa encarar, face a face a
razão, em todas as épocas da Humanidade. A fé necessita de base e esta base
consiste na inteligência perfeita daquilo em que se haja de crer. Para crer,
não basta ver, é, sobretudo, preciso compreender”. Nesse caso, podemos apontar
o Espiritismo como um dos principais precursores da aristocracia do futuro,
a aristocracia intelecto-moral.
Fonte de Consulta
KARDEC, A. Obras Póstumas. 15.
ed. Rio de Janeiro: FEB, 1975, capítulo sobre Aristocracias,
p. 239 a 245.
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